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Militar negociou com a guerrilha, confirma Caracas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo Hugo Chávez confirmou ontem que um dos venezuelanos detidos na Colômbia vendendo munição às Farc
no sábado é o sargento do Exército Manuel Agudo Escalona.
A prisão de Escalona e de outro venezuelano identificado
como Germán Castañeda Durán ocorreu no município de
Puerto Nariño (leste), uma região pouco povoada perto da
fronteira entre os dois países.
Com eles, havia cerca de 40 mil
cartuchos para fuzis AK-47.
Segundo o jornal "El Tiempo", a prisão só foi possível por
causa da ajuda de dois ex-guerrilheiros das Farc, que concordaram em auxiliar as autoridades colombianas em troca de
proteção e de entrarem no programa de desmobilização.
Ao ser preso no sábado, Escalona confessou que estava vendendo munição às Farc e se
identificou como sargento, informação inicialmente desmentida por Caracas.
Ontem, no entanto, o ministro do Interior venezuelano,
Ramón Rodríguez Chacín, admitiu que Escalona é sargento
do Exército, mas afirmou que
ele havia participado do esquema sem saber do que se tratava.
Chacín disse que, pelo depoimento recebido de Bogotá, Escalona relatou ter sido contratado por uma pessoa para
acompanhá-la fardado até a
fronteira. O objetivo era atravessar ilegalmente o equivalente a R$ 380 mil em bolívares.
"O sargento alega que o levaram enganado. Ele entrou num
barco do lado venezuelano e
imediatamente após cruzar o
rio se aproximaram pessoas
que introduziram munições à
embarcação (...), e logo apareceu uma comissão do governo e
o prendeu", disse o ministro, tido como próximo às Farc.
O mais novo incidente bilateral ocorre em meio a uma surpreendente mudança de posição de Chávez com relação às
Farc, a quem vinha demonstrando simpatia. Em março,
com a divulgação de relatos que
Bogotá diz ter achado em laptops das Farc, aumentaram as
suspeitas a proximidade do venezuelano com a guerrilha.
Mensagens citam negociação
para que Caracas emprestasse
US$ 300 milhões às Farc e reuniões com militares do país.
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