São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DEMOCRATA EM CAMPANHA

Obama põe economia em foco na disputa com McCain

Virtual candidato democrata critica propostas de cortes de impostos de adversário

Para republicano, rival é um esquerdista que tende a elevar tributos e gastos públicos; tema será crucial na disputa pela Casa Branca

Alex Brandon/Associated Press
O senador democrata Barack Obama, antes de embarcar no aeroporto de Raleigh, após fazer campanha na Carolina do Norte ontem

DA REDAÇÃO

Em sua primeira semana livre das pressões da disputa contra Hillary Clinton, o virtual candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, deu ontem o pontapé inicial de um tour de duas semanas pelos EUA em que se concentrará na economia. Além de explicitar propostas, ele aproveitou para criticar as políticas de seu adversário, o republicano John McCain, que classificou como fruto de "perigosa ignorância".
A economia americana vive um período de desaceleração, e pesquisas indicam que o tema é a preocupação número um dos eleitores. Daí a concentração de Obama no tema, que deve ser central na campanha.
As promessas de campanha do democrata incluem: um pacote de estímulo fiscal imediato de US$ 50 bilhões, com o qual ele pretende elevar o consumo; aumento de benefícios para desempregados e afetados pela crise das hipotecas; novas regras para impedir fraudes em hipotecas e cartões de crédito; e reduções de impostos para a classe média e aposentados.
Segundo sua campanha, os programas serão custeados pela combinação de aumento de alguns impostos (especialmente sobre lucros de investimentos), eliminação do desperdício e fim dos gastos com as tropas americanas no Iraque, já que Obama prometeu iniciar imediatamente a retirada.
O discurso ainda repetiu o tom da rivalidade com McCain: Obama argumentou, como em ocasiões anteriores, que eleger o republicano significaria mais quatro anos dos "programas econômicos falidos" do governo de George W. Bush.
Para o democrata, as propostas de McCain, que se concentram em cortes de impostos, significariam uma perda de US$ 5,7 trilhões no Orçamento em dez anos. Para o jornal "Financial Times", é mais do que o dobro dos cortes efetuados por Bush -aos quais McCain se opôs como senador, mas passou a apoiar como candidato.
No discurso em Raleigh, Carolina do Norte, Obama também ironizou a proposta de McCain de compensar os cortes com limitações em gastos específicos inseridos por congressistas em legislações (conhecidos como "earmarks").
Esses gastos, de acordo com o "Financial Times", geralmente somam entre US$ 20 bilhões e US$ 40 bilhões por ano. "A sugestão de que a reforma das "earmarks" de alguma forma compensará enormes cortes de impostos indica que John McCain estava certo quando disse que não entende de economia tanto quanto deveria", afirmou Obama.
Anteriormente, McCain também havia sugerido diminuir gastos públicos para compensar os cortes. Para qualquer candidato, porém, a idéia de cobrir a redução de tributos com um enxugamento dos gastos do governo parece insuficiente para vingar num país que tem hoje um déficit público federal de US$ 9,5 trilhões.

Resposta de McCain
O republicano emitiu uma nota ontem em que rejeita os argumentos de Obama.
Além de contestar os cálculos do rival, McCain, como em ocasiões anteriores, o classificou como um esquerdista que tende a elevar tanto impostos quanto gastos públicos -"uma mudança com a qual não podemos arcar".
A frase foi uma alfinetada nos slogans de Obama, sempre centrados na palavra mudança ("change"). Ontem, o democrata discursou cercado por cartazes com os dizeres "mudança que funciona para você".
Para o "New York Times", a fala de Obama foi uma tentativa de conquistar eleitores de renda baixa e pouca educação formal, grupos que penderam para o lado da pré-candidata democrata Hillary Clinton derrotada durante as primárias.


Com agências internacionais


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