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Partidos buscam voto de residentes no Brasil
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Movidos pela certeza de que
a eleição presidencial deste ano
será tão apertada como as duas
últimas, democratas e republicanos travam mundo afora
uma batalha pelo voto dos seis
milhões de americanos residentes no exterior - 30 mil deles estão no Brasil.
A frente brasileira desta luta
está a cargo de Patricia Ferrari
e Kevin Ivers - ela, democrata,
advogada, casada com um brasileiro; ele, republicano, empresário, radicado há um ano
em São Paulo.
Os dois lideram em campos
opostos os esforços para convencer o maior número possível de americanos a se registrarem como eleitores -o voto
nos EUA não é obrigatório- e,
com isso, engrossarem o apoio
a seus respectivos candidatos.
Palestras, e-mails enviados à
comunidade americana e propaganda boca a boca são as
principais armas de Patricia e
Ivers, que garantem não receber nenhuma remuneração pelo esforço militante.
Patricia afirma que Barack
Obama é o homem certo para
restaurar a imagem dos EUA,
arranhada pelo belicismo do
governo de George W. Bush.
Ivers, 40, diz que só John
McCain pode garantir um
mundo mais seguro e próspero.
Esses e outros argumentos
foram apresentados à Folha
em encontros separados com
simpatizantes dos dois lados.
"Obama é o mais empolgante
candidato à Presidência na história americana", diz o roteirista Mike Boyington, 51, que se
mudou para o Brasil após Bush
ser reeleito, em 2004.
A empolgação no campo obamista contagiou Jackson Shulman, 23, que trabalha num escritório de advocacia em São
Paulo há um ano. "Eu não tinha
opinião formada, mas me tornei torcedor do Obama. Ele
eleva o nível do debate", diz.
Os republicanos reconhecem
o carisma do candidato democrata, mas insistem que ele é
"ingênuo" e "despreparado".
Residente em São Paulo há
dez anos, o empresário John
Kennedy, 51 -que, apesar de
xará do famoso presidente democrata (1961-1963), é republicano-, diz que "é indiscutível o
fato de McCain ser muito mais
capacitado" do que Obama.
Felicia Smith, 38, admite que
a invasão do Iraque manchou a
imagem dos EUA. "Houve erros de planejamento, mas eles
ocorreram por culpa de assessores", sustenta ela, que já ocupou vários cargos no Partido
Republicano, inclusive o de assessora do ex-prefeito de Nova
York Rudolph Giuliani.
Militar aposentado instalado
no Brasil há 28 anos, David
Warren, 61, diz que McCain
tem razão ao descartar uma retirada do Iraque a curto prazo.
"Além de ser um desastre para
os iraquianos, transformaria o
Iraque numa base terrorista
contra os EUA", afirma David.
Pelo menos por enquanto, os
democratas estão na frente,
graças ao empenho de Patricia,
que neste ano decidiu revitalizar a ala brasileira do partido.
No mês passado, a primeira
reunião dos democratas de São
Paulo reuniu cem americanos.
Os republicanos reconhecem
que os rivais estão mais organizados, mas prometem dar o
troco. "A campanha está só começando", diz Ivers.
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