São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Partidos buscam voto de residentes no Brasil

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Movidos pela certeza de que a eleição presidencial deste ano será tão apertada como as duas últimas, democratas e republicanos travam mundo afora uma batalha pelo voto dos seis milhões de americanos residentes no exterior - 30 mil deles estão no Brasil.
A frente brasileira desta luta está a cargo de Patricia Ferrari e Kevin Ivers - ela, democrata, advogada, casada com um brasileiro; ele, republicano, empresário, radicado há um ano em São Paulo.
Os dois lideram em campos opostos os esforços para convencer o maior número possível de americanos a se registrarem como eleitores -o voto nos EUA não é obrigatório- e, com isso, engrossarem o apoio a seus respectivos candidatos.
Palestras, e-mails enviados à comunidade americana e propaganda boca a boca são as principais armas de Patricia e Ivers, que garantem não receber nenhuma remuneração pelo esforço militante.
Patricia afirma que Barack Obama é o homem certo para restaurar a imagem dos EUA, arranhada pelo belicismo do governo de George W. Bush. Ivers, 40, diz que só John McCain pode garantir um mundo mais seguro e próspero.
Esses e outros argumentos foram apresentados à Folha em encontros separados com simpatizantes dos dois lados.
"Obama é o mais empolgante candidato à Presidência na história americana", diz o roteirista Mike Boyington, 51, que se mudou para o Brasil após Bush ser reeleito, em 2004.
A empolgação no campo obamista contagiou Jackson Shulman, 23, que trabalha num escritório de advocacia em São Paulo há um ano. "Eu não tinha opinião formada, mas me tornei torcedor do Obama. Ele eleva o nível do debate", diz.
Os republicanos reconhecem o carisma do candidato democrata, mas insistem que ele é "ingênuo" e "despreparado".
Residente em São Paulo há dez anos, o empresário John Kennedy, 51 -que, apesar de xará do famoso presidente democrata (1961-1963), é republicano-, diz que "é indiscutível o fato de McCain ser muito mais capacitado" do que Obama.
Felicia Smith, 38, admite que a invasão do Iraque manchou a imagem dos EUA. "Houve erros de planejamento, mas eles ocorreram por culpa de assessores", sustenta ela, que já ocupou vários cargos no Partido Republicano, inclusive o de assessora do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani.
Militar aposentado instalado no Brasil há 28 anos, David Warren, 61, diz que McCain tem razão ao descartar uma retirada do Iraque a curto prazo. "Além de ser um desastre para os iraquianos, transformaria o Iraque numa base terrorista contra os EUA", afirma David.
Pelo menos por enquanto, os democratas estão na frente, graças ao empenho de Patricia, que neste ano decidiu revitalizar a ala brasileira do partido. No mês passado, a primeira reunião dos democratas de São Paulo reuniu cem americanos.
Os republicanos reconhecem que os rivais estão mais organizados, mas prometem dar o troco. "A campanha está só começando", diz Ivers.


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