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Alemanha diz que vai apoiar política da França para defesa
Sarkozy vai comandar UE no próximo semestre
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A chanceler alemã, Angela
Merkel, e o presidente francês,
Nicolas Sarkozy, trataram da
defesa européia ao se reunirem
ontem com alguns de seus ministros na histórica cidade bávara de Straubing.
"A Alemanha apoiará as iniciativas da França em favor do
desenvolvimento da política
européia de segurança e defesa
(Pesd) durante a presidência
francesa da União Européia",
afirmou Merkel. Disse ainda
que o esforço "contribuirá para
que a Europa propicie novos
passos à parceria euroatlântica", menção à aliança do bloco
com os Estados Unidos.
Sarkozy coloca a defesa entre
as quatro prioridades do semestre em que presidirá o bloco de 27 países, ao lado de agricultura, poluição e imigração.
Mas a política européia de segurança e defesa não é o embrião de um Exército continental, dotado de autonomia para
proteger o imenso território ou
participar de intervenções em
terceiros países.
A idéia é bem mais modesta.
Está num dos desdobramentos
do Tratado de Maastricht
(1992), que aprofundou a organicidade dos integrantes da UE.
Em 2002, acordo complementar assinado em Berlim evitou a
duplicação com as atribuições
da Otan, aliança militar ocidental liderada pelo Pentágono.
Na prática, a Pesd instituiu
um contingente de até 60 mil
homens, o Eurocorps (baseado
em Estrasburgo, na França),
criado pelos governos francês,
alemão, belga, espanhol e luxemburguês. É apenas uma força virtual de intervenção. Ela já
atuou em países como o Congo.
Mas militares alemães e franceses atuam no Afeganistão ou
em Kosovo sob a cobertura institucional da Otan.
O problema é saber se há interesse ou condições políticas
para o crescimento dessa massa fermentada. O interesse de
Sarkozy é cumprir na presidência da UE, a partir de julho, uma
agenda retoricamente vistosa.
Obstáculos políticos
Alain Lamassoure, um eurodeputado francês de seu partido, a UMP, afirmou há dias que
a defesa européia "será politicamente impossível se não tivermos o sinal verde de Washington". E que uma divisão de
atribuições da Otan só seria negociada com o sucessor de
George W. Bush, além de precisar do apoio do Reino Unido,
onde o primeiro-ministro Gordon Brown está hoje politicamente fragilizado.
Há por fim a possibilidade de
a União Européia entrar em
crise, caso o eleitorado da Irlanda rejeite na quinta-feira o
Tratado de Lisboa, documento
que substitui o projeto de
Constituição que franceses e
holandeses derrotaram em plebiscito. Se for o caso, será um
novo soco no estômago da UE,
que por tabela atingirá seus
projetos conjuntos de defesa.
Com agências internacionais
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