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REGIME MILITAR
Ditador Jorge Videla teria sido preso pelo desaparecimento de menores
Ex-presidente argentino é
detido em Buenos Aires
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
O juiz federal Roberto Marquevich ordenou ontem a prisão do
ex-general Jorge Rafael Videla,
presidente da Argentina, no poder
de 1976 a 1981 -durante o último
regime militar do país.
Videla foi detido às 19h por seis
policiais federais, em sua casa, no
bairro Belgrano, Buenos Aires.
O Judiciário não divulgou o motivo da prisão. Segundo meios de
comunicação argentinos, Videla
foi detido por se negar a prestar
depoimento em um processo que
investiga o desaparecimento dos
cadáveres de líderes guerrilheiros
de esquerda.
A agência de notícias "Reuters", por sua vez, afirmou que o
ex-general foi preso como consequência de investigações sobre o
desaparecimento de menores filhos de desaparecidos políticos.
A agência afirmou que Videla
pode ser condenado a uma pena
de prisão de até 25 anos se condenado no processo sobre cinco menores filhos de pais que foram sequestrados por esquadrões da
morte entre 76 e 78 e adotados ilegalmente. Estima-se que há centenas de casos semelhantes no país.
O ex-presidente está preso na
delegacia da Polícia Federal de San
Isidro (Buenos Aires), à disposição da Justiça. O juiz Marquevich
ouvirá seu depoimento hoje ou
amanhã.
Os advogados de Videla, Alberto
Varela e Carlos Tavares, saíram
ontem à noite do prédio do tribunal de San Isidro sem dar declarações à imprensa.
"Essa é uma data importante.
Estamos esperando a justiça por
mais de 20 anos", afirmou o deputado federal Alfredo Bravo.
O ministro Carlos Corach (Interior) classificou de grave o sequestro de menores. Ele afirmou que o
governo não vai se envolver no assunto.
Segundo Corach, a participação
de policiais federais foi requisitada
pela Justiça.
Anistia
O ex-general Videla já foi preso
na Argentina, junto com outros
dirigentes do regime militar, em
1985, durante o governo do presidente Raúl Alfonsín.
Videla foi condenado por crimes
como assassinato e tortura e perdeu a condição de militar.
Calcula-se que 30 mil pessoas
desapareceram na Argentina durante o último regime militar, de
1976 a 1983.
No início do governo do presidente Carlos Menem (1989), que
sucedeu Alfonsín, os militares
condenados foram anistiados.
Desde então, Videla tem vida reservada e pouco sai de seu apartamento na capital argentina.
Ficou famosa na Argentina a
imagem do ex-general comungando numa missa, logo depois de sua
libertação.
A anistia aos militares não os liberava do crime de sequestro de
menores, já que eles não haviam
sido condenados por isso durante
o governo Alfonsín (1983-89).
Movimento militar
Jorge Rafael Videla foi um dos
líderes do movimento militar que
derrubou o governo peronista e
assumiu o poder na Argentina, em
24 março de 1976. O ex-general
ocupou a Presidência até 81.
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