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Milícia xiita abre fogo em Bagdá e mata 42 sunitas
Falsas blitze identificaram, pelos sobrenomes das vítimas,
quem pertencia à facção rival e as tiravam dos veículos
Terroristas escolheram suas
vítimas nas ruas, entre
pessoas desarmadas, de
acordo com os documentos;
grupo de Al Sadr é suspeito
DA REDAÇÃO
O ataque de uma milícia armada árabe xiita a um distrito
sunita, em Bagdá, matou mais
de 40 pessoas ontem, aumentando o temor de que o Iraque
mergulhe numa guerra civil.
Foi a mais sangrenta ofensiva
desde o início da atual onda de
violência sectária, que começou em fevereiro, após a destruição de um santuário xiita.
As vítimas, pelo menos 42,
estavam desarmadas e foram
mortas a tiros nas ruas do distrito de Hay al Jihad, oeste da
cidade. Muitas foram assassinadas depois de serem retiradas de seus carros em falsas
blitze. Segundo autoridades do
Ministério do Interior, os terroristas paravam as pessoas e
checavam seus documentos,
procurando por nomes tipicamente sunitas. "Estão matando
civis sunitas de acordo com
suas identidades", disse uma
autoridade à agência Reuters.
O ataque ocorreu próximo a
uma mesquita xiita onde, na
noite de anteontem, um carro-bomba matou três. Sunitas dizem que, após esse atentado,
homens da milícia Exército
Mhedi, leal ao clérigo xiita
Moqtada al Sadr, ameaçaram
os moradores, afirmando que,
caso não deixassem suas casas,
enfrentariam a morte.
Policiais e políticos da facção
minoritária também culparam
a milícia. Autoridades do grupo
de Al Sadr -que integra o bloco
islâmico xiita do premiê Nuri al
Maliki- negaram qualquer envolvimento no caso.
Mas um político xiita confirmou que homens do Mehdi foram a Jihad ontem -insistindo
que o alvo deles eram sunitas
responsáveis por atentados anteriores. Al Sadr, cujos aliados
já lideraram duas rebeliões
contra as forças americanas,
afirmou que o ataque de ontem
faz parte de "um plano do Ocidente para provocar uma guerra civil e sectária entre irmãos".
A ação é um duro golpe ao
plano de reconciliação proposto por Maliki. O premiê havia
prometido desmantelar as milícias, que transformaram Bagdá num campo de guerra. "As mortes revelam a incapacidade
do governo de derrotá-las", diz
Adnan al Dulaimi, líder sunita.
Crueldade
Parte dos mortos foi encontrada amarrada e com os olhos
vendados. Uma testemunha
afirmou que, ao sair de casa, viu
uma fileira de corpos na rua e
homens pondo fogo nas casas.
Segundo Ala'a Makki, porta-voz do Partido Islâmico Iraquiano -principal grupo político sunita-, entre as vítimas estavam mulheres e crianças.
Apesar dos atentados praticamente diários, o fogo aberto
em bairros civis é raro e nunca
havia ocorrido nessa escala na
capital. Depois do massacre, as
forças iraquianas decretaram
toque de recolher no distrito.
A alguns quilômetros de Jihad, em Shula -encrave xiita
numa região sunita-, homens
do Mehdi bloquearam ruas e
ordenaram aos moradores que
ficassem em casa, aparentemente temendo represálias.
Numa provável resposta sunita, dois carros-bomba explodiram perto de uma mesquita
xiita no nordeste de Bagdá, deixando 17 mortos e 45 feridos.
Com agências internacionais
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