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Britânico quer EUA fora do sul afegão
Para líder militar, americanos dificultam seu trabalho ao matarem muitos civis e atraírem antipatia popular
EUA negam que pedido tenha sido feito e que sejam responsáveis por baixas; cúpula discute cooperação antiterror com Paquistão
DA REDAÇÃO
Um alto comandante britânico na Província de Helmand,
sul do Afeganistão, afirmou ao
"New York Times" ter pedido
às forças especiais americanas
que se retirem da área devido
ao alto número de civis mortos
nas operações dos EUA.
Outros militares britânicos
na região disseram ao jornal
que o uso ostensivo de ataques
aéreos pelas forças americanas
incita a população local contra
estrangeiros, em um momento
em que as forças britânicas tentam consolidar recentes ganhos na luta contra o Taleban.
Segundo esses militares, que
falaram ao jornal sob condição
de anonimato, as forças especiais americanas causam a
maior parte das mortes e ferimentos em civis na região, a
mais violenta do Afeganistão.
Um porta-voz americano negou que o pedido para as forças
especiais deixarem a região tenha sido feito e que os EUA tenham causado a maioria das
mortes, acrescentando que as
tropas continuarão a atuar em
Helmand, a Província que mais
produz ópio no país.
O episódio ressalta as divergências entre as forças da Otan
(aliança militar ocidental) e dos
EUA quanto às táticas contra o
Taleban, além das preocupações entre os militares sobre as
conseqüências do alto número
de civis mortos nas operações.
Cerca de 300 civis morreram
na Província de Helmand em
2007, sendo as forças estrangeiras e afegãs responsáveis pela grande maioria das mortes.
Em dois ataques aéreos ordenados pelos EUA, 31 nômades
morreram, e, em outro, 57 civis
-metade mulheres e crianças.
Após meses de combates pesados que começaram em
2006, os comandantes britânicos dizem estar finalmente
conseguindo tornar certas
áreas seguras. Agora, tentam
ganhar o apoio da população.
As forças americanas atuam
na Província de Helmand, que
tem 86 mil hectares de plantações de papoula -matéria-prima do ópio e da heroína-, desde o final de 2001. O Exército
britânico chegou em 2006 e hoje comanda os 6.000 homens
da Otan na região onde as forças estrangeiras nunca haviam
mantido mais que algumas
centenas de militares.
Encontro de líderes
Mais de 600 líderes tribais do
Afeganistão e do Paquistão estão reunidos em Cabul para
discutir segurança, terrorismo,
desenvolvimento econômico e
combate às drogas. O presidente afegão, Hamid Karzai, afirmou aos líderes que eles devem
encontrar uma solução para a
crescente violência na região.
Criticado por falhar em desmantelar campos terroristas
no norte do território paquistanês, o ditador do Paquistão,
Pervez Musharraf, não foi ao
encontro. Em seu lugar enviou
o premiê Shaukat Aziz, que admitiu que o Taleban recebe
apoio do lado paquistanês da
fronteira. Mas ele culpou a
fronteira porosa e disse que o
Paquistão não pode ser responsabilizado pela violência.
Ontem, os EUA anunciaram
um novo plano milionário de
combate às plantações de papoula no Afeganistão, que produz 90% da heroína do mundo.
Com agências internacionais e o "New York Times"
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