São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Britânico quer EUA fora do sul afegão

Para líder militar, americanos dificultam seu trabalho ao matarem muitos civis e atraírem antipatia popular

EUA negam que pedido tenha sido feito e que sejam responsáveis por baixas; cúpula discute cooperação antiterror com Paquistão

DA REDAÇÃO

Um alto comandante britânico na Província de Helmand, sul do Afeganistão, afirmou ao "New York Times" ter pedido às forças especiais americanas que se retirem da área devido ao alto número de civis mortos nas operações dos EUA.
Outros militares britânicos na região disseram ao jornal que o uso ostensivo de ataques aéreos pelas forças americanas incita a população local contra estrangeiros, em um momento em que as forças britânicas tentam consolidar recentes ganhos na luta contra o Taleban. Segundo esses militares, que falaram ao jornal sob condição de anonimato, as forças especiais americanas causam a maior parte das mortes e ferimentos em civis na região, a mais violenta do Afeganistão.
Um porta-voz americano negou que o pedido para as forças especiais deixarem a região tenha sido feito e que os EUA tenham causado a maioria das mortes, acrescentando que as tropas continuarão a atuar em Helmand, a Província que mais produz ópio no país.
O episódio ressalta as divergências entre as forças da Otan (aliança militar ocidental) e dos EUA quanto às táticas contra o Taleban, além das preocupações entre os militares sobre as conseqüências do alto número de civis mortos nas operações.
Cerca de 300 civis morreram na Província de Helmand em 2007, sendo as forças estrangeiras e afegãs responsáveis pela grande maioria das mortes. Em dois ataques aéreos ordenados pelos EUA, 31 nômades morreram, e, em outro, 57 civis -metade mulheres e crianças.
Após meses de combates pesados que começaram em 2006, os comandantes britânicos dizem estar finalmente conseguindo tornar certas áreas seguras. Agora, tentam ganhar o apoio da população.
As forças americanas atuam na Província de Helmand, que tem 86 mil hectares de plantações de papoula -matéria-prima do ópio e da heroína-, desde o final de 2001. O Exército britânico chegou em 2006 e hoje comanda os 6.000 homens da Otan na região onde as forças estrangeiras nunca haviam mantido mais que algumas centenas de militares.

Encontro de líderes
Mais de 600 líderes tribais do Afeganistão e do Paquistão estão reunidos em Cabul para discutir segurança, terrorismo, desenvolvimento econômico e combate às drogas. O presidente afegão, Hamid Karzai, afirmou aos líderes que eles devem encontrar uma solução para a crescente violência na região.
Criticado por falhar em desmantelar campos terroristas no norte do território paquistanês, o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, não foi ao encontro. Em seu lugar enviou o premiê Shaukat Aziz, que admitiu que o Taleban recebe apoio do lado paquistanês da fronteira. Mas ele culpou a fronteira porosa e disse que o Paquistão não pode ser responsabilizado pela violência.
Ontem, os EUA anunciaram um novo plano milionário de combate às plantações de papoula no Afeganistão, que produz 90% da heroína do mundo.


Com agências internacionais e o "New York Times"


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