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IRAQUE OCUPADO
Decisão abre porta para legitimação do governo e da reconstrução; EUA ampliam estada de seus soldados
Liga Árabe admite representante interino de Bagdá
DA REDAÇÃO
O Conselho de Governo Iraquiano deu ontem um passo em
direção à aceitação internacional
ao enviar, pela primeira vez desde
sua posse, em julho, um representante para o encontro da Liga
Árabe, no Egito. Entretanto, participantes do grupo ressaltaram
que a decisão não implica no reconhecimento do conselho como
representante legítimo do país.
A participação do conselho na
liga só foi aceita após forte pressão
de Washington sobre seus aliados, como Jordânia e Egito e os
países do golfo Pérsico.
"O reconhecimento do conselho não aconteceu... Tudo o que
aconteceu foi a aceitação da representação iraquiana na liga",
declarou o chanceler da Jordânia,
Marwan al Muasher.
Segundo o comunicado da liga,
o governo interino iraquiano gozará de "reconhecimento provisório" por um ano, período após
o qual o grupo deve reavaliar o
progresso do país em formar um
governo legítimo.
Após seis horas de debate na
noite de segunda-feira, os 22 países que formam o grupo convidaram o chanceler Hoshiyar Zebari,
um curdo nomeado para o cargo
na semana passada, para participar de seu encontro de dois dias.
A decisão abre caminho para
que organismos internacionais
como a ONU e a Opep (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo) acatem a representação
iraquiana, suspensa após o início
da guerra, em 20 de março.
Vizinho democrático
Em seu primeiro pronunciamento na liga, Zebari, 50, prometeu aos demais países do grupo
que eles logo terão um "vizinho
democrático", "totalmente independente" e que "se posicionará
firmemente contra o terrorismo".
"O novo Iraque será diferente
daquele do [ex-ditador] Saddam
Hussein", disse o chanceler. "O
novo Iraque terá sua base na diversidade, na democracia, na
Constituição, na lei e no respeito
pelos direitos humanos."
Com a aceitação da representação iraquiana, a liga deu início ao
debate sobre sua participação no
processo de reconstrução do país,
para a qual a administração americana busca auxílio.
Longa estada
Enquanto não conseguem
maior apoio internacional para
substituir parte de seu contingente no Iraque, os EUA decidiram
ampliar a permanência de parte
de seus soldados no país.
A decisão, anunciada à Comissão de Serviços Armados do Senado pelo general Richard Myers,
chefe do Estado-Maior, afeta cerca de 20 mil homens da Guarda
Nacional e da reserva que operam
como especialistas em engenharia, policiamento e assuntos civis.
Os soldados haviam sido convocados para servir por um ano,
incluindo o treinamento nos EUA
e a prestação de contas na volta.
Com a nova decisão, os soldados
passarão um ano apenas em campo -o que amplia em meses o
tempo total de destacamento.
"Somos um país em guerra, e temos de fazer o que for preciso para vencê-la", disse Myers.
Em julho, o Pentágono anunciara que os membros da infantaria
ficariam no Iraque por tempo indeterminado. Os EUA mantêm
cerca de 130 mil soldados no país.
Membros da comissão do senado -inclusive os governistas-
voltaram a criticar o pedido de
mais US$ 87 bilhões para custear
a campanha militar americana
feito anteontem pela Casa Branca.
"O que vejo lá é claramente que
subestimamos o tamanho do desafio", declarou o senador republicano John McCain.
Em contrapartida, a Casa Branca declarou, por meio do porta-voz Scott McClellan, que o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, está fazendo um "ótimo trabalho" na questão iraquiana.
Com agências internacionais
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