|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TERROR NA RÚSSIA
Georgy, 10, foi enxotado por terrorista islâmico para longe de explosivos; por isso ele ainda está vivo
Garoto conta como sobreviveu ao seqüestro
DA REDAÇÃO
Georgy Farniyev, 10, estava a
menos de cinco metros de um pacote de explosivos detonado pelos
terroristas islâmicos que fizeram
1.200 reféns no dia 1º de setembro,
numa escola da cidade russa de
Beslan. Um terrorista enxotou-o
para bem longe. Só assim ele sobreviveu à carnificina do dia 3.
Rosto assustado, mãos atrás da
nuca, ele aparece num vídeo feito
pelos seqüestradores poucas horas depois do início da operação.
Hoje internado em Moscou, ele
narrou ontem à Associated Press
os longos momentos em que permaneceu seqüestrado.
Georgy diz que acabava de entrar na fila com colegas de classe
quando o comando islâmico chegou, dando tiros para o ar e empurrando adultos e crianças para
a quadra de esportes da escola.
Ele estava com uma tia, Irina, e
um primo, Elbrus, 6, também feridos num episódio no qual morreram 329 reféns, diz a Associated
Press, ou 326, afirma a Reuters.
"Eles nos mandaram ficar sentados uns bem juntinhos dos outros. Ameaçaram matar 20 crianças se alguém começasse a gritar."
Não havia água para beber, e poucos eram autorizados a ir ao banheiro durante as 53 horas em
que durou o seqüestro, disse.
"Homens, mulheres e crianças
estavam desmaiando. Não nos
davam água para beber", insistiu
repetidamente, para sublinhar o
caráter traumático da sede.
No segundo dia, narra ainda o
garotinho, os terroristas mataram
"alguns adultos e uma menina".
As mortes ocorreram diante dos
olhos aterrorizados dos reféns.
"Havia muitos explosivos, minas,
granadas, bombas", diz ele.
As explosões na sexta, com o
início da carnificina, acabaram
por poupá-lo. Um terrorista o
mandou para bem longe. Os explosivos que estavam ao seu lado
mataram Sima Alikova, 45, e sua
filha Irina, 9, que também aparecem em cena do vídeo.
Ele conta que, com as explosões,
escapou da quadra e se refugiou
na lanchonete. Foi atingido por
estilhaços no joelho direito e no
alto do braço esquerdo. Correndo, mesmo assim, entrou na cozinha e se escondeu num armário.
Um adulto o localizou e o pegou
pelo braço direito. Em segundos
estavam numa ambulância.
Terrorismo islâmico
A polícia russa já identificou dez
dos 30 terroristas muçulmanos
mortos após o seqüestro de Beslan. Entre os cadáveres identificados, seis eram da Tchetchênia.
Quatro outros terroristas provinham da Inguchétia, que, a exemplo da Tchetchênia, tem predominância islâmica. A Ossétia do
Norte, onde ocorreu a carnificina
da última sexta-feira, é cristã.
O ministro russo do Exterior,
Serguey Lavrov, criticou ontem os
governos ocidentais -menção
aos EUA e à União Européia-
que o exortaram a negociar com
os separatistas tchetchenos.
Lamentou também que "nossos
aliados estejam dando asilo a terroristas que devem ser responsabilizados diretamente pela tragédia do povo tchetcheno".
Referia-se a Ilyas Akhmadov,
exilado no Reino Unido, e Acklmed Zakayev, exilado nos EUA.
O presidente Vladimir Putin,
que precisou cancelar uma viagem que faria à Alemanha em razão do seqüestro de Beslan, publicou mesmo assim nota conjunta
com o chanceler Gerhard Schröder, na qual o atentado de sexta é
qualificado como "uma nova dimensão na ameaça do terrorismo
internacional à humanidade".
O ministro do Interior, Rashid
Nurgaliyev, disse que comissões
pa ra evitar atentados no Cáucaso
serão em breve instaladas. Cada
região terá uma força especial de
70 homens e será chefiada pelo
ministro do Interior local.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Ásia: China cria "clima de medo" em Hong Kong, acusa ONG Próximo Texto: O Gênero do terror: Mulher assume papel-chave em ataques Índice
|