São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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memória

Crise de 2001 dificultou as alianças no país

DE BUENOS AIRES

Um dos efeitos colaterais da crise de 2001 na Argentina foi o de que as alianças eleitorais passaram a ser vistas com muita desconfiança. Isso porque o governo de Fernando de la Rúa era o governo da chamada Aliança, a união entre a UCR e a Frepaso, os principais partidos de oposição ao peronismo.
Antes da queda de De la Rúa, o vice-presidente, Carlos Álvarez, renunciou e a aliança acabou. Seguiu o "que se vayan todos" e as eleições de 2003 experimentaram uma inédita pulverização das candidaturas presidenciais: 18, contra dez nas eleições de 1999.
O principal motor foi a divisão nos dois principais partidos, o PJ e a UCR, que de 1983 a 1999 haviam sempre ocupado os dois primeiros postos. Em 2003, o peronismo se partiu por dentro, com três candidaturas (Néstor Kirchner, Carlos Menem e Adolfo Rodríguez Sáa) e a UCR gerou duas novas siglas, a ARI, de Elisa Carrió, e o Recrear, de Ricardo López Murphy. Todos os cinco candidatos tiveram mais de 14% dos votos, e nenhum superou os 25% de Menem.
A atomização beneficiou Néstor Kirchner; então governador de uma pequena Província do Sul da Argentina, ele foi o segundo colocado da disputa com 22% e acabou eleito quando Menem desistiu de disputar o segundo turno.

Manobra inesperada
Na Presidência, aconteceu o que poucos previam. Com um alto crescimento econômico como motor, Kirchner disparou em popularidade. E se tornou mais forte politicamente com sua "concertação plural", na qual superou os limites do peronismo para tornar governadores e prefeitos radicais seus aliados.
Numa manobra até hoje não totalmente esclarecida, Kirchner abdicou de disputar a reeleição que a lei lhe permitia e as pesquisas lhe asseguravam e passou a tarefa a sua mulher.
O sobrenome Kirchner não será o único a se repetir nas cédulas; como em 2003, Carrió e López Murphy tentarão chegar à Casa Rosada. Em 2003, ele foi terceiro colocado na disputa, e ela quinta. Agora, porém, ela aparece com mais chances de empurrar a disputa para o segundo turno do que ele.
Já Alberto Rodríguez Sáa sucede o irmão Adolfo, que foi presidente por uma semana após a renúncia de De la Rúa e quarto colocado nas últimas eleições. (RR)


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