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memória
Crise de 2001 dificultou as alianças no país
DE BUENOS AIRES
Um dos efeitos colaterais
da crise de 2001 na Argentina foi o de que as alianças
eleitorais passaram a ser vistas com muita desconfiança.
Isso porque o governo de
Fernando de la Rúa era o governo da chamada Aliança, a
união entre a UCR e a Frepaso, os principais partidos de
oposição ao peronismo.
Antes da queda de De la
Rúa, o vice-presidente, Carlos Álvarez, renunciou e a
aliança acabou. Seguiu o
"que se vayan todos" e as
eleições de 2003 experimentaram uma inédita pulverização das candidaturas presidenciais: 18, contra dez nas
eleições de 1999.
O principal motor foi a divisão nos dois principais partidos, o PJ e a UCR, que de
1983 a 1999 haviam sempre
ocupado os dois primeiros
postos. Em 2003, o peronismo se partiu por dentro, com
três candidaturas (Néstor
Kirchner, Carlos Menem e
Adolfo Rodríguez Sáa) e a
UCR gerou duas novas siglas,
a ARI, de Elisa Carrió, e o Recrear, de Ricardo López
Murphy. Todos os cinco candidatos tiveram mais de 14%
dos votos, e nenhum superou
os 25% de Menem.
A atomização beneficiou
Néstor Kirchner; então governador de uma pequena
Província do Sul da Argentina, ele foi o segundo colocado da disputa com 22% e acabou eleito quando Menem
desistiu de disputar o segundo turno.
Manobra inesperada
Na Presidência, aconteceu
o que poucos previam. Com
um alto crescimento econômico como motor, Kirchner
disparou em popularidade. E
se tornou mais forte politicamente com sua "concertação
plural", na qual superou os limites do peronismo para
tornar governadores e prefeitos radicais seus aliados.
Numa manobra até hoje
não totalmente esclarecida,
Kirchner abdicou de disputar a reeleição que a lei lhe
permitia e as pesquisas lhe
asseguravam e passou a tarefa a sua mulher.
O sobrenome Kirchner
não será o único a se repetir
nas cédulas; como em 2003,
Carrió e López Murphy tentarão chegar à Casa Rosada.
Em 2003, ele foi terceiro colocado na disputa, e ela quinta. Agora, porém, ela aparece
com mais chances de empurrar a disputa para o segundo
turno do que ele.
Já Alberto Rodríguez Sáa
sucede o irmão Adolfo, que
foi presidente por uma semana após a renúncia de De
la Rúa e quarto colocado nas
últimas eleições.
(RR)
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