São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tribunal ordena saída de premiê tailandês

Samak, alvo de protestos, foi condenado por manter programa de TV já no cargo; partido diz que o reelegerá

DA REDAÇÃO

O premiê tailandês, Samak Sundaravej, terá de deixar o governo, determinou ontem o Tribunal Constitucional, que julgou ilegal sua participação, remunerada, em programas de culinária após assumir o cargo.
A decisão, tomada com base em denúncia de oposicionistas, não o torna inelegível, e o PPP (Partido do Poder Popular) promete apresentar novamente a candidatura de Samak, acossado por protestos maciços da oposição.
Manifestantes que apóiam a oposição direitista, liderada pela APD (Aliança do Povo pela Democracia), ocupam a sede do governo desde o dia 26 e afirmam que vão manter a invasão pelo menos até a sexta-feira, quando o Parlamento deve escolher o novo premiê. O Exército decidiu não utilizar a força contra os protestos, apesar do estado de emergência decretado por Samak no último dia 2.
A APD reúne a elite de Bancoc, monarquistas radicais, setores do Exército e sindicatos. Criada como esteio dos protestos contra Thaksin Shinawatra, premiê derrubado pelo golpe militar de 2006, a aliança acusa Samak de ser fantoche do antecessor exilado. Além da saída do premiê, exige reformas políticas e assentos parlamentares para membros indicados por entidades profissionais.
Estrela do programa "Experimentando e reclamando", no qual temperava receitas com críticas aos adversários políticos, o conservador Samak fundou o PPP sob os escombros do partido de Thaksin, banido em 2007. Herdou a base eleitoral do ex-premiê, popular entre camponeses pobres e moradores de pequenas cidades.
Samak também compartilha com Thaksin o envolvimento em escândalos. É réu em três processos por corrupção, que ainda não foram a julgamento, e recorre de uma sentença de dois anos de prisão por difamação. Caso seja condenado em algum dos processos, será forçado a deixar o cargo.
Ainda que o premiê seja inocentado, o prognóstico do governo é crítico. A Corte Eleitoral recomendou na semana passada a dissolução do PPP, e a coalizão liderada pelo partido pode ruir. "Ninguém fará diferença agora", diz Chaturon Chaiseng, antigo vice de Thaksin. "Não temos estabilidade."


Com o "Financial Times" e agências internacionais


Texto Anterior: Coréia do Norte celebra data nacional sem Kim Jong-il
Próximo Texto: Venezuela: Oposição se une contra chavista em Caracas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.