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Lula diz que não aceitará eleições hondurenhas
"Golpistas precisam entender que vontade popular é soberana", afirma ele, ao lado de colega salvadorenho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o
Brasil não reconhecerá as eleições de 29 de novembro em
Honduras, "conduzidas pelo
atraso e autoritarismo".
Em discurso no Itamaraty
durante a visita do presidente
de El Salvador, Maurício Funes, Lula disse que "a América
Latina aprendeu, a duras penas, que só alcançaremos a paz
e o progresso por meio de diálogo, tolerância e muito respeito
pelas nossas diferenças".
"Por essa razão, o golpe de
Estado em Honduras é um retrocesso inaceitável. Devemos
repudiá-lo incondicionalmente
e exigir o retorno do presidente
Manuel Zelaya às funções
constitucionais para as quais o
povo hondurenho o elegeu. Os
golpistas precisam entender
que a vontade popular é soberana em nosso continente."
Lula citou as medidas tomadas pelo Brasil -a retirada do
embaixador, a interrupção dos
projetos de cooperação e a suspensão de isenção de vistos a
hondurenhos. "O Brasil, o Mercosul, a Unasul [União de Nações Sul-Americanas] e a OEA
[Organização dos Estados
Americanos] estão unidos em
torno desse compromisso [de
não aceitar as eleições se realizadas sob os golpistas]".
Ele também elogiou as medidas do presidente dos EUA, Barack Obama, contra os golpistas. "[Elas] sinalizam que os
EUA se juntaram ao consenso
político regional e mundial."
Na semana passada, os EUA
soltaram declaração em que
afirmam que, "neste momento", não poderiam apoiar o resultado das eleições presidenciais. Isso depois de Óscar Arias
(presidente da Costa Rica), designado negociador do conflito
em Honduras, ter dito à Folha
que o resultado poderia ser reconhecido mesmo sem a volta
de Zelaya ao poder, caso isso
resolvesse a crise atual.
No comunicado conjunto de
El Salvador e Brasil, distribuído ontem, Lula manifesta seu
"pleno respaldo" ao pedido de
empréstimo ao BNDES para
que o país reformule o sistema
de transporte urbano. O comunicado não fala em cifras mas,
em entrevista à Folha anteontem, Funes disse que o financiamento seria equivalente a
US$ 800 milhões.
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