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Obama chama para si responsabilidade de reformar saúde
Democrata diz ao Congresso que não é primeiro presidente a tentar promover mudança, mas que pretende ser o último
Mandatário afirma que a oposição usa "táticas de medo" e tenta tranquilizar os setores da população
que resistem às alterações
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, iniciou ontem
com um discurso a membros
do Congresso uma nova ofensiva para a aprovação do projeto
de reforma da saúde neste ano.
Obama assumiu a responsabilidade de aprovar a reforma e
disse que não é o primeiro presidente a tratar do assunto, mas
que pretende ser o último.
Antes mesmo do discurso,
ele disse à TV ABC que o fato de
ter deixado a condução do projeto nas mãos do Congresso
abriu espaço para ambiguidades no debate.
Obama contestou as versões
espalhadas pela oposição sobre
o projeto. Segundo o presidente, em vez de debate honesto,
foram usadas "táticas de medo"
com a população. Ele negou
que a reforma será usada para
financiar abortos, que ela possa
instituir "painéis de morte" para os idosos e que possa estender a cobertura de saúde para
os imigrantes irregulares. Nesse momento do discurso, o congressista republicano Joe Wilson gritou: "Você mente".
Outro momento de interrupção ocorreu quando os republicanos começaram a rir ao ouvir
o presidente dizer que ainda
faltam detalhes a definir antes
da aprovação do projeto.
Sobre a chamada opção pública -a criação de uma alternativa financiada pelo governo
para aqueles que não têm acesso a um plano de saúde privado-, um dos pontos mais polêmicos da reforma, Obama afirmou ser favorável, mas disse
que está aberto a outras ideias e
citou a opção de planos administrados por entidades sem
fins lucrativos. "A opção pública é apenas um meio de atingir
um fim e nós devemos permanecer abertos a outras ideias
que permitam atingir a meta."
Inicialmente, o governo pretendia criar um plano público
que iria concorrer com a iniciativa privada para reduzir os
preços e melhorar a qualidade
do serviço. A ideia é considerada essencial para a reforma pelos democratas mais à esquerda
e contestada pelas seguradoras
e pela oposição, que veem nela
um sinal de interferência do governo no mercado.
Obama procurou tirar as dúvidas dos independentes e
atrair o apoio dos idosos, o segmento da população que mais
teme mudanças no sistema de
saúde. Com um discurso de responsabilidade fiscal, disse que
não permitirá a aprovação de
uma lei que aumente o deficit.
Disse que o custo do plano, de
US$ 900 bilhões em dez anos, é
menor do que os gastos com as
guerras do Iraque e do Afeganistão. Ele afirma que o plano
incluirá uma exigência de mais
corte de custos caso o governo
não economize o que prevê
com as mudanças.
Obama procurou obter consenso no apoio do partido democrata e citou até mesmo
uma carta escrita em maio pelo
senador Ted Kennedy, que
morreu no mês passado, a favor
de mudanças no sistema. Disse
que está disposto a buscar uma
proposta bipartidária, mas que
não cederá à pressão. "Não vou
gastar tempo com aqueles que
fazem o cálculo de que é melhor
politicamente matar o plano do
que melhorá-lo. Não vou ficar
parado enquanto os interesses
especiais usam as mesmas velhas táticas para manter as coisas como estão."
O democrata Max Baucus,
presidente da Comissão de Finanças do Senado, afirmou ontem que, após meses de negociação com a oposição, levará
adiante o projeto com ou sem o
apoio dos republicanos. "É hora de o governo agir", disse.
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