São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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Obama chama para si responsabilidade de reformar saúde

Democrata diz ao Congresso que não é primeiro presidente a tentar promover mudança, mas que pretende ser o último

Mandatário afirma que a oposição usa "táticas de medo" e tenta tranquilizar os setores da população que resistem às alterações

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, iniciou ontem com um discurso a membros do Congresso uma nova ofensiva para a aprovação do projeto de reforma da saúde neste ano. Obama assumiu a responsabilidade de aprovar a reforma e disse que não é o primeiro presidente a tratar do assunto, mas que pretende ser o último.
Antes mesmo do discurso, ele disse à TV ABC que o fato de ter deixado a condução do projeto nas mãos do Congresso abriu espaço para ambiguidades no debate.
Obama contestou as versões espalhadas pela oposição sobre o projeto. Segundo o presidente, em vez de debate honesto, foram usadas "táticas de medo" com a população. Ele negou que a reforma será usada para financiar abortos, que ela possa instituir "painéis de morte" para os idosos e que possa estender a cobertura de saúde para os imigrantes irregulares. Nesse momento do discurso, o congressista republicano Joe Wilson gritou: "Você mente".
Outro momento de interrupção ocorreu quando os republicanos começaram a rir ao ouvir o presidente dizer que ainda faltam detalhes a definir antes da aprovação do projeto.
Sobre a chamada opção pública -a criação de uma alternativa financiada pelo governo para aqueles que não têm acesso a um plano de saúde privado-, um dos pontos mais polêmicos da reforma, Obama afirmou ser favorável, mas disse que está aberto a outras ideias e citou a opção de planos administrados por entidades sem fins lucrativos. "A opção pública é apenas um meio de atingir um fim e nós devemos permanecer abertos a outras ideias que permitam atingir a meta."
Inicialmente, o governo pretendia criar um plano público que iria concorrer com a iniciativa privada para reduzir os preços e melhorar a qualidade do serviço. A ideia é considerada essencial para a reforma pelos democratas mais à esquerda e contestada pelas seguradoras e pela oposição, que veem nela um sinal de interferência do governo no mercado.
Obama procurou tirar as dúvidas dos independentes e atrair o apoio dos idosos, o segmento da população que mais teme mudanças no sistema de saúde. Com um discurso de responsabilidade fiscal, disse que não permitirá a aprovação de uma lei que aumente o deficit. Disse que o custo do plano, de US$ 900 bilhões em dez anos, é menor do que os gastos com as guerras do Iraque e do Afeganistão. Ele afirma que o plano incluirá uma exigência de mais corte de custos caso o governo não economize o que prevê com as mudanças.
Obama procurou obter consenso no apoio do partido democrata e citou até mesmo uma carta escrita em maio pelo senador Ted Kennedy, que morreu no mês passado, a favor de mudanças no sistema. Disse que está disposto a buscar uma proposta bipartidária, mas que não cederá à pressão. "Não vou gastar tempo com aqueles que fazem o cálculo de que é melhor politicamente matar o plano do que melhorá-lo. Não vou ficar parado enquanto os interesses especiais usam as mesmas velhas táticas para manter as coisas como estão."
O democrata Max Baucus, presidente da Comissão de Finanças do Senado, afirmou ontem que, após meses de negociação com a oposição, levará adiante o projeto com ou sem o apoio dos republicanos. "É hora de o governo agir", disse.


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