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Irã apresenta oferta para retomar diálogo nuclear
Teor da proposta é evasivo, o que abre caminho para adoção de novas sanções
Governo iraniano entrega documento 20 dias antes do prazo imposto pela Casa Branca para que voltasse
ao debate sobre a questão
DA REDAÇÃO
O governo iraniano entregou
ontem às grandes potências
uma nova proposta para retomar o diálogo sobre seu programa nuclear. Teerã disse que a
oferta visa a paz, envolve "várias questões globais" e representa "uma nova oportunidade
de conversas e cooperação".
Não foram divulgados detalhes do que o Irã oferece, mas é
tido como certo que o país não
abrirá mão de enriquecer urânio, o que faz com o objetivo declarado de produzir energia. O
presidente Mahmoud Ahmadinejad reiterou anteontem que
as discussões sobre o fim do
programa nuclear iraniano estão "encerradas".
Sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, Teerã tem direito de desenvolver um programa atômico civil, desde que em
cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU.
O Ocidente acusa o Irã de
pretender enriquecer urânio
para abastecer um arsenal atômico e pressiona, mediante
sanções econômicas, pelo fim
de todas as atividades nucleares iranianas. Os EUA avaliaram ontem que Teerã está
prestes a ter a bomba.
A proposta foi entregue em
Bruxelas ao chefe da diplomacia da União Europeia, Javier
Solana. Ele é encarregado de
mediar as conversas entre Teerã e o P5 + 1 -grupo que reúne
as cinco potências atômicas do
Conselho de Segurança da
ONU mais a Alemanha.
A resposta iraniana foi apresentada 20 dias dias antes do
prazo estabelecido pela Casa
Branca para que Teerã volte às
conversas visando o fim de seu
programa atômico, sob pena de
impor mais sanções.
Mas o caráter evasivo da resposta iraniana abre caminho
para novas medidas punitivas,
que poderiam restringir a compra de combustível pelo Irã
-embora seja um grande exportador de petróleo, o país importa gasolina, devido à falta de
infraestrutura para o refino.
O país foi sujeito a três rodadas de sanções financeiras e comerciais desde 2002, quando
dissidentes instalados no exterior revelaram à AIEA atividades nucleares não declaradas.
A nova proposta iraniana será debatida na plenária anual
da agência, que reunirá representantes dos 145 países-membros no próximo dia 14, e na Assembleia Geral da ONU, dia 22.
Incertezas
Mas a natureza dos debates
será afetada pelo embate acerca do último relatório da AIEA
sobre o Irã. Publicado há duas
semanas, o texto concluiu que o
país diminuiu sua produção de
urânio enriquecido e vem cooperando de forma mais efetiva
com o monitoramento de suas
centrais nucleares.
Cerca de 4.500 centrífugas
estão em atividade no país, contra 5.000 em junho. Não se sabe
se a queda resulta da pressão
externa ou de causas técnicas.
É a primeira vez que o Irã freia
a produção de suas centrais. A
agência ressalva que Teerã ainda deve explicações sobre seu
programa atômico.
França e Israel acusam a
AIEA de ter omitido no último
relatório dados comprometedores contra o Irã obtidos por
serviços secretos ocidentais.
O diretor geral da AIEA, Mohamed El Baradei, afirmou que
seus inspetores "têm preocupações sérias", mas que a agência "não está em pânico".
Com agências internacionais
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