São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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Irã apresenta oferta para retomar diálogo nuclear

Teor da proposta é evasivo, o que abre caminho para adoção de novas sanções

Governo iraniano entrega documento 20 dias antes do prazo imposto pela Casa Branca para que voltasse ao debate sobre a questão


DA REDAÇÃO

O governo iraniano entregou ontem às grandes potências uma nova proposta para retomar o diálogo sobre seu programa nuclear. Teerã disse que a oferta visa a paz, envolve "várias questões globais" e representa "uma nova oportunidade de conversas e cooperação".
Não foram divulgados detalhes do que o Irã oferece, mas é tido como certo que o país não abrirá mão de enriquecer urânio, o que faz com o objetivo declarado de produzir energia. O presidente Mahmoud Ahmadinejad reiterou anteontem que as discussões sobre o fim do programa nuclear iraniano estão "encerradas".
Sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, Teerã tem direito de desenvolver um programa atômico civil, desde que em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU.
O Ocidente acusa o Irã de pretender enriquecer urânio para abastecer um arsenal atômico e pressiona, mediante sanções econômicas, pelo fim de todas as atividades nucleares iranianas. Os EUA avaliaram ontem que Teerã está prestes a ter a bomba.
A proposta foi entregue em Bruxelas ao chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana. Ele é encarregado de mediar as conversas entre Teerã e o P5 + 1 -grupo que reúne as cinco potências atômicas do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha.
A resposta iraniana foi apresentada 20 dias dias antes do prazo estabelecido pela Casa Branca para que Teerã volte às conversas visando o fim de seu programa atômico, sob pena de impor mais sanções.
Mas o caráter evasivo da resposta iraniana abre caminho para novas medidas punitivas, que poderiam restringir a compra de combustível pelo Irã -embora seja um grande exportador de petróleo, o país importa gasolina, devido à falta de infraestrutura para o refino.
O país foi sujeito a três rodadas de sanções financeiras e comerciais desde 2002, quando dissidentes instalados no exterior revelaram à AIEA atividades nucleares não declaradas.
A nova proposta iraniana será debatida na plenária anual da agência, que reunirá representantes dos 145 países-membros no próximo dia 14, e na Assembleia Geral da ONU, dia 22.

Incertezas
Mas a natureza dos debates será afetada pelo embate acerca do último relatório da AIEA sobre o Irã. Publicado há duas semanas, o texto concluiu que o país diminuiu sua produção de urânio enriquecido e vem cooperando de forma mais efetiva com o monitoramento de suas centrais nucleares.
Cerca de 4.500 centrífugas estão em atividade no país, contra 5.000 em junho. Não se sabe se a queda resulta da pressão externa ou de causas técnicas. É a primeira vez que o Irã freia a produção de suas centrais. A agência ressalva que Teerã ainda deve explicações sobre seu programa atômico.
França e Israel acusam a AIEA de ter omitido no último relatório dados comprometedores contra o Irã obtidos por serviços secretos ocidentais.
O diretor geral da AIEA, Mohamed El Baradei, afirmou que seus inspetores "têm preocupações sérias", mas que a agência "não está em pânico".

Com agências internacionais



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