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Obama, Grécia e BCE derrubam Bolsas
Saída de alemão do BC europeu, pacote de empregos americano e dúvidas sobre resgate grego balançam mercados
Jürgen Stark renuncia ao cargo por discordar da compra de títulos de países em crise para ajudar a baixar os juros
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
Dúvidas sobre cismas políticos dos dois lados do Atlântico derrubaram as principais Bolsas do mundo ontem, alimentando temores de que uma nova crise seja mais profunda -e difícil de reverter- do que a de 2008.
Em Nova York, o índice Dow Jones de ações de primeira linha perdeu 2,69%. O FTSE da Bolsa de Londres caiu 2,35%, e o alemão DAX desabou 4,04%.
No Brasil, a Bolsa de São Paulo seguiu o movimento, com baixa de 3,20%. O dólar fechou em alta de 1%, cotado a US$ 1,678.
As perdas dos investidores nas últimas semanas refletem a queda da confiança política em governos e instituições multilaterais que têm se mostrado inábeis para lidar com problemas estruturais.
Na zona do euro, já se nota divisão sobre como lidar com a crise da dívida, que atinge ainda Espanha e Itália. Ontem, Jürgen Stark, representante alemão no conselho-diretor do Banco Central Europeu (BCE), renunciou.
Ele discorda do programa do BCE para comprar títulos de países problemáticos do bloco -algo que, alega, extrapola o papel da entidade.
Na véspera, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, criticara os governos europeus por não agirem.
A saída de Stark dificulta a tarefa da chanceler Angela Merkel de justificar internamente a participação alemã no resgate dos vizinhos.
Nos EUA, o crescimento aquém do esperado e a persistência do desemprego acima dos 9% alimentam o medo de uma nova recessão.
O recém-anunciado plano de empregos do presidente Barack Obama não contentou investidores nem analistas, que temem sua eficácia.
E a Europa voltou, nesta semana, a ser assombrada pelo temor de um calote grego que contaminaria toda a zona do euro.
A moeda única registrou a pior cotação em sete meses ante o também combalido dólar, US$ 1,365.
Analistas e investidores avaliam que o ajuste fiscal que Atenas promoveu nos últimos meses é insuficiente para reequilibrar o país.
"O governo grego fez um esforço tremendo, mas a situação geral piorou desde então", afirmou em entrevista coletiva em Washington o diretor-gerente do Instituto Internacional de Finanças, que reúne 440 instituições financeiras, Charles Dallara.
De acordo com representantes do setor, os bancos irão participar do pacote de ajuda à Grécia com 70% dos títulos do país que estão em suas carteiras.
O prazo para indicar a adesão terminava ontem.
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