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REVOLUÇÃO NOS BÁLCÃS
Parlamento dominado por aliados de Milosevic admite sofrer renovação; premiê iugoslavo renuncia
Sérvia aceita nova eleição parlamentar em dezembro
JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES
A revolução que tirou Slobodan
Milosevic do poder na Iugoslávia
avançou mais um pouco ontem
depois que o Parlamento sérvio,
dominado por aliados do ex-líder
iugoslavo, aceitou realizar novas
eleições dentro de dois meses.
Em seguida, o primeiro-ministro da Iugoslávia, Momir Bulatovic, ligado ao ex-presidente Milosevic, apresentou a sua renúncia.
A eleição de um novo Parlamento era considerada essencial
para a consolidação do novo governo de Vojislav Kostunica, que
foi empossado no último sábado
depois que protestos levaram à
queda de Milosevic, no poder havia 13 anos.
A Iugoslávia é formada pela Sérvia e por Montenegro, além da
Província de Kosovo.
A Sérvia é a mais poderosa das
Repúblicas e possui 90% dos 10
milhões de habitantes de toda a
Iugoslávia.
O presidente da Sérvia, Milan
Milutinovic, e o Parlamento são
eleitos separadamente, e a ocupação desses cargos não seria decidida pelas eleições do último dia
24 de setembro, que foram vencidas pela oposição.
Milutinovic e outros líderes do
governo sérvio haviam sido escolhidos em 1998 e não deveriam
sair do governo antes de 2002. Milutinovic tem mais poderes legais
que o próprio Kostunica. Seu Parlamento controla a polícia e ministérios importantes, como o das
Finanças.
"Ficou acertado que as novas
eleições parlamentares vão ocorrer em 17 de dezembro", afirmou
Zoran Djindjic, líder da coalizão
formada pelos partidos que
apóiam Kostunica.
Os principais partidos também
acertaram ontem que vão formar
um governo transitório até a realização das eleições de dezembro.
Para ter de fato o controle iugoslavo, Kostunica terá de conquistar
a maioria das cadeiras no novo
Parlamento sérvio.
Sanções
Ontem, ministros das Relações
Exteriores dos 15 países que formam a União Européia decidiram
suspender as sanções econômicas
que haviam sido impostas à Iugoslávia em 1998.
Como já se esperava, foram levantados os embargos aéreo e de
petróleo.
Os ministros europeus decidiram que vão liberar progressivamente os investimentos bancários e a concessão de vistos de viagem. Isso ainda não ocorreu porque a UE quer impedir que Milosevic e seus aliados sejam beneficiados.
Os EUA afirmaram ontem que
devem seguir o exemplo da UE. O
governo norte-americano deve
enviar um representante diplomático a Belgrado, o primeiro
desde a intervenção da Otan
(aliança militar ocidental) no conflito de Kosovo, no ano passado.
A promessa de suspensão do
embargo foi feita pela secretária
norte-americana de Estado, Madeleine Albright.
Desde anteontem, Albright se
tornou mais flexível em relação à
exigência de que Slobodan Milosevic seja julgado por crimes de
guerra. Kostunica se opõe a isso.
Albright disse no domingo que
vai dar a Kostunica o tempo necessário para que ele consolide
seu poder.
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