São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2000

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REVOLUÇÃO NOS BÁLCÃS
Parlamento dominado por aliados de Milosevic admite sofrer renovação; premiê iugoslavo renuncia
Sérvia aceita nova eleição parlamentar em dezembro

JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES

A revolução que tirou Slobodan Milosevic do poder na Iugoslávia avançou mais um pouco ontem depois que o Parlamento sérvio, dominado por aliados do ex-líder iugoslavo, aceitou realizar novas eleições dentro de dois meses.
Em seguida, o primeiro-ministro da Iugoslávia, Momir Bulatovic, ligado ao ex-presidente Milosevic, apresentou a sua renúncia.
A eleição de um novo Parlamento era considerada essencial para a consolidação do novo governo de Vojislav Kostunica, que foi empossado no último sábado depois que protestos levaram à queda de Milosevic, no poder havia 13 anos.
A Iugoslávia é formada pela Sérvia e por Montenegro, além da Província de Kosovo.
A Sérvia é a mais poderosa das Repúblicas e possui 90% dos 10 milhões de habitantes de toda a Iugoslávia.
O presidente da Sérvia, Milan Milutinovic, e o Parlamento são eleitos separadamente, e a ocupação desses cargos não seria decidida pelas eleições do último dia 24 de setembro, que foram vencidas pela oposição.
Milutinovic e outros líderes do governo sérvio haviam sido escolhidos em 1998 e não deveriam sair do governo antes de 2002. Milutinovic tem mais poderes legais que o próprio Kostunica. Seu Parlamento controla a polícia e ministérios importantes, como o das Finanças.
"Ficou acertado que as novas eleições parlamentares vão ocorrer em 17 de dezembro", afirmou Zoran Djindjic, líder da coalizão formada pelos partidos que apóiam Kostunica.
Os principais partidos também acertaram ontem que vão formar um governo transitório até a realização das eleições de dezembro.
Para ter de fato o controle iugoslavo, Kostunica terá de conquistar a maioria das cadeiras no novo Parlamento sérvio.

Sanções
Ontem, ministros das Relações Exteriores dos 15 países que formam a União Européia decidiram suspender as sanções econômicas que haviam sido impostas à Iugoslávia em 1998.
Como já se esperava, foram levantados os embargos aéreo e de petróleo.
Os ministros europeus decidiram que vão liberar progressivamente os investimentos bancários e a concessão de vistos de viagem. Isso ainda não ocorreu porque a UE quer impedir que Milosevic e seus aliados sejam beneficiados.
Os EUA afirmaram ontem que devem seguir o exemplo da UE. O governo norte-americano deve enviar um representante diplomático a Belgrado, o primeiro desde a intervenção da Otan (aliança militar ocidental) no conflito de Kosovo, no ano passado.
A promessa de suspensão do embargo foi feita pela secretária norte-americana de Estado, Madeleine Albright.
Desde anteontem, Albright se tornou mais flexível em relação à exigência de que Slobodan Milosevic seja julgado por crimes de guerra. Kostunica se opõe a isso.
Albright disse no domingo que vai dar a Kostunica o tempo necessário para que ele consolide seu poder.


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