DA REDAÇÃO

O premiê palestino, Ahmed Korei, ameaçou renunciar ao seu cargo ontem, dois dias depois de ter sido empossado, por divergências com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, sobre o controle das forças de segurança.
Ainda ontem, um terrorista suicida palestino se explodiu diante de um posto israelense em Tulkarem (Cisjordânia), matando a si próprio e ferindo dois soldados de Israel e um palestino. O grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao Fatah (facção política de Arafat), assumiu a autoria do ataque suicida.
A ameaça de renúncia de Korei ocorreu após ele perceber que o Parlamento palestino não aprovaria o seu gabinete, devido a divergências sobre a composição e o seu poder. Nabil Abu Rudeinah, assessor de Arafat, negou que Korei tenha apresentado a renúncia. Porém autoridades presentes ao encontro dos dois afirmaram que Korei disse a Arafat que não pretendia continuar no cargo.
"Os dois têm sérias diferenças, mas Korei não chegou ao ponto de ameaçar renunciar", afirmou Rudeinah a jornalistas.
Há divergências sobre os poderes de Nasser Yousef, indicado para o Ministério do Interior. A pasta é considerada a mais importante do gabinete, pois controlaria as forças de segurança.
Mas Arafat não está disposto a ceder poder nessa área, apesar de Yousef ser seu aliado.

Emergencial
Por enquanto, o gabinete do premiê tem caráter emergencial. Pode governar pelo período de um mês. Uma nova tentativa de aprovação do gabinete será levada ao Parlamento amanhã. "Se o gabinete fosse apresentado hoje [ontem], certamente não seria aprovado", disse o parlamentar Salah Tamari, do Fatah.
O gabinete de emergência foi convocado por Arafat no domingo, após atentado terrorista matar 20 pessoas em Haifa (uma mulher morreu ontem de seus ferimentos) e os israelenses atacarem a Síria. Na terça, os ministros foram empossados por Arafat, mas Yousef faltou à cerimônia.
Korei está tentando montar um gabinete desde o início de setembro, quando foi designado premiê para substituir Mahmoud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen. A renúncia de Mazen, apoiado pelos EUA e por Israel, também ocorreu após divergências com Arafat sobre o controle das forças de segurança.
Segundo analistas, a ameaça de renúncia de Korei, antigo aliado de Arafat e veterano negociador de paz, demonstra que Arafat continua sendo a força dominante da política palestina, embora Israel e EUA não aceitem negociar com ele, acusando-o de ser conivente com o terrorismo ou mesmo estimulá-lo. Arafat nega.

Invasão
Na madrugada de hoje, tropas de Israel, com grande número de tanques, invadiram o campo de refugiados palestinos de Rafah, na fronteira Gaza-Egito, para destruir sistema de túneis usado para contrabandear armas aos grupos terroristas, disse o Exército.