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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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VIOLÊNCIA

Relatório ONGs, que lançam campanha por controle, estima que 500 mil pessoas são mortas por ano no mundo

Arma de fogo mata 1 por minuto, diz estudo

DA REDAÇÃO

Cerca de 500 mil pessoas são mortas por armas leves de fogo a cada ano no mundo, ou uma por minuto, segundo estudo divulgado ontem. O número foi considerado tão alarmante ao ponto de uma das envolvidas no trabalho dizer que são "as verdadeiras armas de destruição em massa".
Esse dado está no relatório da Anistia Internacional, da Oxfam e da Rede Internacional de Ação contra Armas Leves, que lançaram uma campanha em mais de 50 países, incluindo o Brasil, com o objetivo de controlar o que acreditam ser um comércio global de armas perigosamente fora de controle e que, com frequência, abastece governos repressores, organizações que desrespeitam os direitos humanos e criminosos.
"Governos preocupados com as armas nucleares, biológicas e químicas na luta contra o terrorismo têm ignorado as verdadeiras armas de destruição em massa: as de pequeno porte", afirmou Rebecca Peters, da Rede Internacional de Ação contra Armas Leves.
Para fazendeiros em Uganda, os rifles AK-47 estão substituindo lanças. Na Somália, as armas são tão comuns que crianças recebem nomes como "Uzi" e "AK". E, em alguns países, como o Iraque, há mais de uma arma por pessoa.
Intitulado "Vidas Despedaçadas", o estudo afirma que a posse de armas cada vez mais letais está se tornando uma parte integrante do cotidiano em muitos lugares do mundo. Também avalia que a chamada guerra ao terror, liderada pelos EUA depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, tem "incentivado a proliferação de armas em vez de priorizar a vontade política de controlá-las".
Um número crescente de armas está sendo exportado, especialmente pelos EUA e pelo Reino Unido, para novos aliados como o Paquistão, a Indonésia e as Filipinas, apesar de preocupações com relação a abusos dos direitos humanos e à pobreza endêmica nesses países, segundo o relatório.
Irene Khan, secretária-geral da Anistia, disse: "Todos os anos, centenas de milhares de pessoas são assassinadas, torturadas, estupradas e deslocadas de suas casas por causa do mau uso de armas. Com a guerra ao terror dominando a agenda internacional, deveria haver um interesse renovado no controle de armas".
A campanha "Controle as Armas", também lançada ontem pelas três entidades, se concentra em buscar um novo acordo internacional sobre a propagação de armamentos, além de medidas regionais para limitar o acesso e a utilização. Foi iniciado um abaixo-assinado pró-acordo com a meta de obter a participação de 1 milhão de pessoas. A expectativa é que esteja adotado pelos países-membros da ONU em 2006.
Os atuais controles dos governos são considerados frouxos. Com isso, são estimulados os conflitos e a violência, da qual as principais vítimas são os mais pobres. Segundo o estudo, mais de 630 milhões de armas leves estão em circulação no mundo, o que dá a média de 1 para cada 10 pessoas. Cerca de 70% estão com civis, e 200 milhões delas, nos EUA.
Na Colômbia, em guerra civil há quase 40 anos e com o maior índice de homicídios no mundo, 85% dos assassinatos são com armas leves. Na Venezuela, outro foco de tensão na América Latina, mais de 50 pessoas morrem por fim de semana na região de Caracas.


Com agências internacionais

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