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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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Brasil tem 8% das mortes no mundo

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

O Brasil registra 40 mil dos cerca de 500 mil casos de mortos por arma de fogo todo ano, o que corresponde a 8% do total global. O país, no entanto, tem apenas cerca de 3% da população mundial. Os números são de levantamento da ONG Sou da Paz, responsável pela campanha no Brasil. Uma pessoa morre por arma de fogo a cada 13 minutos no país, disse a ONG.
A campanha internacional pelo controle das armas leves de fogo será lançada no Brasil no dia 24, na praça da Sé, em São Paulo.
Segundo o diretor-executivo da ONG, Denis Mizne, 27, no ato serão acendidas 9.900 velas -correspondente ao número de mortos no Brasil desde que o Estatuto do Desarmamento chegou à Câmara após ter sido aprovada pelo Senado, no final de julho.
Entre os deputados, a grande polêmica envolve a realização de um referendo popular, previsto para ser realizado em 2005, para proibir a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional.
Segundo Mizne, cuja entidade coordena no Brasil a campanha internacional, a grande peculiaridade do problema no caso brasileiro se refere ao alto número de mortos por armas de fogo num país que não está em conflito.
"A maioria dos países que têm alto índice de mortos por armas de fogo está em situação de conflito e pós-conflito, como é o caso da Iugoslávia e de alguns países da África. Hoje você tem um grande número de armas sobrando nesses países", disse Mizne.
"O Brasil, sem guerra civil, tem uma violência urbana entre as mais altas do mundo. E as armas foram produzidas aqui e vendidas para cidadãos comuns, para a polícia, empresas de segurança", compara Mizne.
Para Tim Cahill, pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil -uma das três ONGs que coordenam a campanha em todo o mundo-, a violência no país é fruto da desigualdade. "A exclusão social é refletida nessa violência. Ela ocorre principalmente nas grandes cidades, que têm estatísticas parecidas com regiões em conflito", disse Cahill à Folha.


O relatório "Vidas Despedaçadas" pode ser lido em português no site www.oxfam.org.uk/what_we_do/issues/
conflict_disasters/downloads/shattered_pt_full.pdf


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