São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009

Texto Anterior | Índice

Para Berlusconi, fim de imunidade não mina aptidão para governar

Premiê, que pode ser chamado a depor em processo de corrupção que o envolve, repele hipótese de renunciar

DA REDAÇÃO

O premiê italiano, Silvio Berlusconi, disse ontem que a potencial reabertura de processos contra ele na Justiça não prejudicará sua capacidade de governar e se considerou a pessoa "mais processada da história".
Ele é acusado de ter pago 580 mil ao advogado britânico David Mills, em 1997, para que este prestasse falso depoimento de forma a proteger os negócios do premiê -que nega.
Mills fora condenado em fevereiro a quatro anos e meio de prisão por corrupção, e o julgamento de sua apelação começou ontem. A defesa de Mills pediu à corte que autorizasse o testemunho de Berlusconi. Niccolo Ghedini, advogado do premiê, afirmou que Berlusconi deporia se essa fosse a ordem da Justiça.
O processo, no que tange às acusações ao premiê, estava trancado por uma lei de imunidade que o beneficiava. Mas a norma foi derrubada na quarta-feira pelo Tribunal Constitucional, no pior revés do atual mandato de Berlusconi.

"Melhor para a Itália"
O premiê descartou ontem a possibilidade de renunciar e se considerou "o melhor primeiro-ministro" para a Itália -no momento em que alguns jornais italianos de oposição e estrangeiros pedem sua cabeça e que comentaristas dizem que a tensão política pode desencadear problemas econômicos. A Itália, terceira maior economia da zona do euro, luta para se recuperar da mais forte recessão desde a Segunda Guerra.
O premiê conservador é alvo de quatro processos -além do caso de corrupção, é acusado de suborno a um juiz em uma disputa judicial envolvendo a Fininvest (empresa controlada por ele); de ter oferecido propina a senadores para montar uma coalizão, em 2007; e de fraude contábil em seu conglomerado midiático, o Mediaset.
Berlusconi, que também tem seu nome envolvido em um escândalo sexual, rejeita todas as acusações, mas o fim de sua imunidade pode levar à reabertura desses casos.
O premiê disse que a "perseguição" por parte de magistrados "alinhados à esquerda" o obrigou a gastar " 200 milhões em assessoria e em juízes", lapso que foi imediatamente corrigido após o alerta de um ministro: "assessoria e advogados".

Com agências internacionais



Texto Anterior: Presidenciável favorito prega união nacional
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.