São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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Síria ameaça quem reconhecer rebeldes

Chanceler promete "medidas duras" contra países que tomem grupo de oposição como representantes da nação

No Iraque, filho de líder curdo assassinado afirma que a morte do pai servirá de incentivo a revoltas populares

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Enquanto internamente o regime sírio recrudesce a repressão -para conter os protestos desatados pelo assassinato de um líder curdo, na última sexta-, no plano internacional o ditador Bashar Assad lança ameaças a quem reconhecer a legitimidade da oposição ao seu regime.
O chanceler Walid al Moallem disse ontem que o país usará "medidas duras" contra nações que reconheçam o SNC (Conselho Nacional Sírio), coalizão opositora.
Dentro do país, ao menos 17 ativistas foram mortos pelo regime -alguns, durante o enterro de manifestantes assassinados no dia anterior-, segundo divulgou a coordenação dos protestos.
Moallem lançou a ameaça, sem especificar que tipo de medida seria empregada, durante encontro com a imprensa, ao lado de uma delegação com representantes de Cuba, Venezuela e Bolívia -em visita para expressar solidariedade ao regime de Assad.
Por enquanto, nenhum país ou órgão internacional reconhece o SNC, formalizado na semana passada na Turquia, como representante legal do povo sírio. Bourhan Ghalioun, um dos líderes do grupo, espera que a insurgência seja reconhecida "nas próximas semanas".
Damasco receia esse passo diplomático. Na Líbia, o Conselho Nacional de Transição -reconhecido internacionalmente- tem assumido o governo conforme ganha terreno, tomando regiões até então controladas pelo ditador Muammar Gaddafi.
O chanceler Moallem ameaçou, também ontem, os países que não protejam as missões diplomáticas sírias. "Se eles não providenciarem segurança a nossas missões, nós os trataremos da mesma maneira", afirmou.
Anteontem, escritórios ligados ao governo da Síria foram alvo de protestos e invasões em Londres, Viena, Genebra e Berlim. Houve detidos e depredações nos locais.
"O que [a comunidade internacional] quer não são reformas, mas que a Síria pague o preço por seu posicionamento contra os esquemas estrangeiros na região", disse Assad à agência de notícias estatal Sana.
Ele afirma que as manifestações no país são mobilizadas por extremistas a serviço de uma conspiração internacional desestabilizadora. Os protestos, iniciados em março, já deixaram cerca de 2.900 mortos, segundo a ONU.

ASSASSINATO
O assassinato de Mashaal Tammo, na última sexta, foi o primeiro promovido pelo regime contra um líder opositor curdo. O funeral de Tammo, no sábado, reuniu cerca de 50 mil pessoas, contra as quais o regime disparou, matando ao menos cinco.
O governo nega envolvimento na morte de Tammo, a quem Moallem descreveu ontem como mártir e culpou terroristas por sua morte.
No entanto, Faris Tammo, filho de Mashaal, disse no Iraque, onde vive, que a morte de seu pai irá encorajar mais curdos a protestar contra a ditadura de Assad.
Faris vive no Iraque desde 2008, quando seu pai foi preso pelo regime sírio. Ele disse que esperava que Mashaal morresse "mais cedo ou mais tarde" nas mãos das forças de segurança do país.


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