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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Atentado com explosivos, que feriu 122 na Arábia Saudita, foi realizado por terroristas vestidos como policiais

Ataque atribuído à Al Qaeda mata 17 em Riad

John Moore/Associated Press
Equipe de resgate aguarda escavadeira remover destroços de casa atingida no atentado, em Riad


DA REDAÇÃO

Terroristas supostamente ligados à Al Qaeda e vestidos como policiais explodiram seu carro-bomba num complexo residencial em Riad (Arábia Saudita), matando 17 pessoas, entre as quais 5 crianças, e ferindo 122.
A explosão, na madrugada de domingo, abriu uma avenida de destruição entre as cerca de 200 casas do complexo, habitado principalmente por árabes estrangeiros. O ataque, que ocorreu em pleno Ramadã, o mês sagrado muçulmano, se deu poucos dias depois de países ocidentais terem lançado um alerta para a iminência de novos atentados terroristas na região. Washington havia até fechado suas missões diplomáticas na Arábia Saudita.
"O complexo residencial Muhaya, onde moram pessoas de várias nacionalidades, principalmente árabes, foi invadido por um grupo armado, e um carro cheio de explosivos foi detonado dentro do complexo", informou a agência estatal de notícias saudita SPA.
Segundo a TV estatal saudita, 17 pessoas foram mortas, entre elas sete libaneses, quatro egípcios, um saudita, um sudanês e quatro de nacionalidade não identificada. Antes, o Ministério do Interior havia divulgado o número de 11 mortos e 122 feridos. Os mortos aumentaram depois que foram encontrados corpos sob os escombros da explosão. Não foram divulgados detalhes sobre o destino dos terroristas.
Segundo a SPA, entre os 122 feridos estão quatro cidadãos norte-americanos e seis canadenses. O restante é de países árabes e africanos, da Índia, de Bangladesh, da Indonésia, das Filipinas, do Paquistão, da Turquia, de Sri Lanka e da Romênia. Há 36 crianças entre os feridos.
"Os terroristas chegaram ao complexo fantasiados de seguranças sauditas. Eles vestiam uniformes e dirigiam um veículo similar ao utilizado pela polícia", disse uma fonte saudita à Reuters.
O príncipe Abdullah, governante de fato da Arábia Saudita, disse, em conversas telefônicas com líderes árabes, que iria apanhar os terroristas. "Nós vamos desentocar o terrorismo e colocar-lhe um fim", disse o príncipe real.
Em maio, um triplo atentado em complexos residenciais de Riad matou 35 pessoas. O ataque também foi atribuído à Al Qaeda.

Casas reais
Um diplomata ocidental afirmou que o ministro do Interior, príncipe Nayef, e outros membros da família real saudita mantêm suas casas e palácios perto do complexo, na região oeste de Riad. Como o residencial Muhaya, essas casas ficam em uma ravina e próximas ao deserto, o que facilita eventuais ataques. O diplomata disse que o complexo pode ter sido escolhido como "alvo fácil" depois de recentes ações do governo contra a Al Qaeda.
Outro diplomata ocidental disse que o ataque de ontem pode não ser o último. "[A explosão de domingo] não significa que nós já possamos relaxar, não significa que a ameaça tenha desaparecido... Eu não poderia dizer que eles não planejem novos ataques".

Reações
Líderes árabes como o ditador Bashar al Assad, da Síria, e o premiê Rafik al Hariri, do Líbano, condenaram o atentado. A Liga Árabe emitiu nota na qual diz que "as ações terroristas não têm outro propósito senão o de ameaçar a estabilidade, semear o mal e aterrorizar e matar civis".
EUA, Reino Unido, Rússia, França e Alemanha também condenaram o atentado.

Com agências internacionais


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