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JAPÃO
Partido do premiê perde maioria e agora depende da coalizão; principal legenda de oposição obtém ganhos expressivos
Koizumi ganha eleição, mas perde força
DA REUTERS
No que representa um duro
golpe para o primeiro-ministro
Junichiro Koizumi e sua agenda
de reformas, a coalizão de governo do Japão saiu das eleições legislativas de ontem com uma
maioria reduzida, enquanto o
principal partido de oposição obteve ganhos substanciais.
A coalizão de três partidos ficou
com 275 das 480 cadeiras da Câmara Baixa da Dieta (Parlamento), mas a agremiação de Koizumi, o Partido Liberal-Democrático (PLD), perdeu a maioria simples que detinha sozinho. O PLD
angariou apenas 237 cadeiras,
contra 247 da legislatura anterior.
Muitos políticos no PLD são
contrários às reformas de Koizumi, mas esperavam que a popularidade do premiê os ajudasse a
obter uma vitória decisiva nas primeiras eleições legislativas gerais
desde que o premiê assumiu o
cargo, em 2001. Koizumi deverá
conservar o seu posto, uma vez
que a coalizão manteve a maioria.
A principal legenda de oposição, o Partido Democrático do Japão (PDJ), que, normalmente, defende reformas semelhantes às
propostas por Koizumi, ficou
com 177 cadeiras, contra 137 na
legislatura anterior.
O líder do PDJ, Naoto Kan, admitiu a derrota (isto é, que sua
agremiação não conquistou assentos o bastante para formar um
governo), mas disse que continuará trabalhando para chegar ao
poder. "É apropriado considerar
que a coalizão governante, que
obteve maioria e possivelmente a
maioria absoluta, ganhou o mandato público", disse Kan. "O público geral nos deu um considerável número de cadeiras", acrescentou. "Sendo o maior grupo de
oposição, vamos trabalhar para
construir um partido responsável
e capaz de governar".
O fracasso do PLD, uma confederação de reformistas e conservadores, em manter sua própria
maioria deve enfraquecer a posição de Koizumi diante dos anti-reformistas representados pela
velha-guarda do partido.
Koizumi, 61, chegou ao poder
em abril de 2001 numa onda de
apoio público às suas promessas
de cortar gastos, privatizar estatais e sanear o combalido setor
bancário japonês. O premiê não
conseguiu avançar muito nessa
plataforma, pelo que recebe críticas de vários setores.
"É ruim que ele [Koizumi] não
será capaz de pressionar muito
[pelas reformas]", diz Gerald Curtis, especialista em Japão da Universidade Columbia (EUA).
"Quanto às reformas, eu não sei o
quão mais lentas elas podem ficar,
mas elas certamente não vão se
acelerar", acrescentou.
O forte crescimento do PDJ coloca o Japão mais perto do sistema bipartidário que muitos eleitores parecem preferir ao virtual
regime de partido único que caracteriza a política japonesa dos
últimos 50 anos. "Esse é um passo
rumo a uma mudança no governo e um grande avanço em direção a um sistema bipartidário",
diz Yasunori Sone, da Universidade Keio, de Tóquio.
Koizumi agora dependerá inteiramente de sua aliança com o segundo partido da coalizão, o Novo Komeito, de orientação budista, que passou de 31 para 34 cadeiras. O pequeno Partido Novo
Conservador, a terceira legenda
da coalizão, sofreu importante
derrota, passando de nove para
quatro cadeiras.
"O Japão está desenvolvendo
um sistema muito parecido com o
alemão, com dois grandes partidos e um menor (o Novo Komeito), diz Curtis.
O PLD, que governa o Japão
quase ininterruptamente desde a
década de 50, tem sua principal
base de apoio em agricultores,
proprietários de pequenos negócios e empreiteiras. Mas a base
tradicional vem se erodindo, enquanto cresce o número de eleitores indecisos. O PLD esperava que
a popularidade de Koizumi pudesse estancar seu declínio. Aparentemente, não foi assim.
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