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CONE SUL
País divulga identidade de quem considera ter sido o autor do ataque à Amia em 1994, que matou 85
Hizbollah atacou centro judaico, diz Argentina
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
Onze anos depois do maior
atentado terrorista ocorrido na
Argentina, a Justiça do país informou ontem que um integrante do
grupo extremista islâmico Hizbollah dirigiu o carro-bomba contra
o prédio da entidade mutualista
judaica Amia, matando 85 pessoas em julho de 1994.
Trata-se de Ibrahim Hussein
Berro, que teria 21 anos em 94 e
era um militante do braço armado do partido libanês. Segundo
autoridades argentinas, Berro entrou na Argentina pela Tríplice
Fronteira (limites de Brasil, Paraguai e Argentina) dias antes do
ataque em Buenos Aires.
É a primeira vez que se revela a
identidade do autor do atentado.
A Justiça disse ter chegado ao nome de Berro por depoimentos de
dois de seus irmãos, que moram
nos EUA, e de uma testemunha.
Segundo os parentes do libanês,
o Hizbollah informou a morte de
Berro em setembro de 1994 em
um combate no Líbano, meses
após a ação da Amia. O funeral foi
feito em território libanês, sem o
corpo de Berro e com a presença
de altas autoridades do Hizbollah,
segundo relato da família aos investigadores. Os parentes teriam
recebido do grupo islâmico uma
espécie de "pensão", em dólares,
pela morte do terrorista.
Segundo os investigadores, Berro foi trazido do Líbano a Ciudad
del Este, no Paraguai, com a ajuda
do comerciante libanês Assad Barakat, que hoje estaria preso no
Brasil por contrabando. Na Argentina, teria tido o apoio de um
embaixador iraniano para ação.
Participam da investigação a
polícia argentina, a Interpol e o
FBI, e a expectativa é a de que,
com a divulgação do nome e da
foto do acusado, se chegue a mais
envolvidos no caso, entre eles terroristas sírios e iranianos. Antes
da revelação, outras informações
apontavam para o Irã e células do
Hizbollah na Tríplice Fronteira.
Ninguém está preso pela ação
contra a Amia e integrantes do
governo argentino à época do
atentado, incluindo o presidente
Carlos Menem (1989-1999), foram acusados de omissão nas investigações e até de conivência
com implicados no episódio. Neste ano, o governo Néstor Kirchner
reconheceu que houve "inação"
do Estado no caso.
No ano passado, 22 suspeitos,
entre eles um mecânico acusado
de preparar a van que foi usada
para explodir o edifício, foram absolvidos por falta de provas. Antes
do julgamento, várias provas desapareceram, e o juiz Juan José
Galeano, o primeiro a conduzir as
investigações até 2002, foi afastado por ter usado US$ 400 mil de
um fundo do Estado para "comprar" a confissão do mecânico.
Também foi absolvido o ex-presidente Menem da acusação de ter
recebido dinheiro do Irã para não
apontar o país como responsável.
Ontem, Kirchner recebeu em
audiência o presidente do Congresso Judeu Americano, David
Harris, parentes das vítimas dos
ataque à Amia e à Embaixada de
Israel em Buenos Aires, em 1992.
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