São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Vice-premiê iraquiano se encontra com Rice em Washington; democratas protestam

Visita de Chalabi aos EUA atrai duras críticas

DA REDAÇÃO

O vice-premiê do Iraque, Ahmad Chalabi, encontrou-se ontem, em Washington, com a secretária de Estado, Condoleezza Rice. Sua visita provocou controvérsia nos EUA, pois ele é considerado responsável pelas informações falsas sobre as supostas armas de destruição em massa do regime de Saddam Hussein que, em grande parte, serviram de justificativa para a invasão do Iraque.
Autoridades americanas afirmaram que lhe deram o tratamento reservado a pessoas de seu nível. "Ele é um membro eleito do governo iraquiano e responsável por uma pasta que inclui políticas econômicas, serviços essenciais, infra-estrutura e Orçamento. Ele se reunirá com seus colegas dessas áreas", disse Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca.
O vice-premiê iraquiano, que também responde pelo setor do petróleo, ainda terá encontros com o vice-presidente Dick Cheney e com o assessor para Segurança Nacional, Stephen Hadley.
O vice-premiê foi evasivo quando o tema das informações falsas foi abordado por jornalistas. "É sempre mais importante olhar para o futuro do que para o passado", afirmou o vice-premiê iraquiano. Embora o tenha recebido no Departamento de Estado, Rice não deu entrevista a seu lado.
Um senador e um deputado democratas pediram à Comissão de Inteligência do Senado que chamasse Chalabi a depor no âmbito da investigação sobre as informações usadas pela CIA antes da guerra. O vice-premiê iraquiano disse que poderia fazê-lo.
"Aqui está o homem que vendeu nossos segredos ao inimigo, o Irã, e pôs soldados americanos em perigo. E onde está ele hoje? Ora, está sendo paparicado pelo governo", afirmou o senador Richard Durbin. Chalabi nega ter passado informações ao Irã.
No último final de semana, Chalabi visitou o Irã, o que também foi malvisto nos EUA. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, declarou, às vésperas do referendo sobre a Constituição iraquiana, em outubro, que o Irã seria o grande vencedor, visto que a votação consolidaria o poder dos xiitas no país vizinho.

Advogados de Saddam
Os advogados do ex-ditador Saddam Hussein e seus assessores romperam ontem todos os contatos com o tribunal que o julga e disseram que não comparecerão à audiência marcada para 28 de novembro próximo se não lhes derem garantias de segurança.
Dois dos advogados que trabalhavam no caso de Saddam, embora defendessem outros acusados, já foram assassinados -o último deles anteontem. Com isso, os advogados, que, há meses, pleiteiam que o julgamento seja realizado no exterior, disseram não haver condições de segurança para a continuidade do caso.
O juiz afirmou que estava analisando a situação. Mas o premiê Ibrahim al Jaafari disse que não mudará o lugar do julgamento e indicou que os assassinatos podem ter sido cometidos por aliados de Saddam.


Com agências internacionais

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