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GUERRA CULTURAL
Estado norte-americano inclui o chamado design inteligente no currículo de biologia
Kansas vai ensinar teoria oposta à evolução
DA REDAÇÃO
O Comitê de Educação do Estado americano do Kansas aprovou
anteontem, por 6 votos a 4, um
novo currículo para as aulas de
ciências que inclui o ensino do design inteligente, hipótese contrária à teoria da evolução de Charles
Darwin. A decisão marca a mais
abrangente vitória do criacionismo na guerra cultural dos EUA.
O novo currículo vai muito
além da diretriz geral, já adotada
em quatro Estados dos EUA (Pensilvânia, Ohio, Minnesota e Novo
México), que determina uma
"análise crítica da evolução" . Ele
recomenda que as escolas do
Kansas ensinem pontos específicos que céticos do darwinismo
usam para minar sua primazia
nas aulas de biologia.
Entre as mudanças mais controversas está a tentativa de redefinir a própria ciência, que passaria a ser algo não mais explicitamente limitado às explicações naturais do mundo.
"O melhor currículo"
Os defensores do design inteligente, hipótese sem validação
científica segundo a qual a vida
possui uma "complexidade irredutível" que só pode ser explicada
pela ação primordial de um "designer" (que não é abertamente
identificado como deus) comemoraram a decisão. Segundo
John G. West, do Discovery Institute, organização que promove o
design inteligente, disse que o
Kansas agora tem "o melhor currículo científico do país".
Já os críticos da idéia -considerada pelos biólogos nada mais
do que uma roupagem moderna
do velho criacionismo bíblico-
se declararam preocupados. Eles
afirmam que a decisão do Kansas
pode estimular o ataque à evolução em outros Estados, especialmente nos ultraconservadores Sul
e Meio-Oeste (região conhecida
como "cinturão da Bíblia").
"Essa decisão provavelmente
vai servir como um manual de estratégias para o criacionismo pelos próximos anos", disse Eugenie
Scott, do Centro Nacional de Educação Científica em Oakland, Califórnia. "Podemos prever que essa briga vá acontecer em outros
lugares", afirmou.
Derrota nas urnas
Na cidade de Dover, Pensilvânia, que também enfrenta uma
batalha judicial sobre o ensino da
evolução, os defensores do design
inteligente no comitê de educação
municipal sofreram uma derrota
política: oito republicanos foram
substituídos por democratas, que
querem o conceito de design inteligente extirpado do currículo.
A nova decisão acontece seis
anos depois de o Kansas ter chocado o mundo científico e político
ao eliminar de seu currículo qualquer menção à evolução, movimento que foi revertido em 2001,
depois que os eleitores -a exemplo do que aconteceu em Dover- destituíram vários membros conservadores do comitê de
educação. Uma nova maioria
conservadora tomou o poder no
conselho em 2004 e imediatamente reviveu a briga sobre o ensino da evolução, considerada a
teoria unificadora da biologia.
Com "The New York Times"
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