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Chávez vê "fascismo" em protestos
Para venezuelano, EUA e imprensa estão usando a resistência à reforma da Carta para desestabilizar governo
"Não sou moedinha de ouro para agradar a todos", cantou presidente em resposta a protestos contra sua presença em cúpula
RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, afirmou ontem,
durante a 17ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado
e de Governo, em Santiago do
Chile, que os Estados Unidos e
os meios de comunicação estão
usando a resistência à reforma
da Constituição venezuelana
como pretexto para conduzirem "uma investida fascista"
contra seu governo.
"Nós na Venezuela estamos
fazendo um esforço, e como
nos agridem! Eles qualificam
de espantosos os distúrbios, como fizeram com o golpe em
2002 [quando Chávez foi derrubado do poder, mas voltou].
É uma nova investida fascista
apoiada pelos meios de comunicação. As classes ricas querem a sua coesão social, a deles,
a da minoria, ao custo da dissolução da maioria", afirmou, em
referência ao tema da cúpula,
justamente "coesão social".
Chávez se disse mais de uma
vez vítima da oposição fascista.
Ao citar outras cúpulas ibero-americanas das quais participou, afirmou que José Maria
Aznar, ex-primeiro-ministro
espanhol, que hoje acusa Chávez de ser antidemocrático, é
fascista. "O então presidente
[de governo] da Espanha é um
fascista a toda prova e agora fica viajando fazendo oposição a
mim", disse ao atual premiê,
José Luis Zapatero, presente à
cúpula em Santiago.
Caso RCTV
O presidente venezuelano
também voltou a defender a
não-renovação da concessão da
emissora RCTV. O episódio, em
maio, gerou-lhe muita resistência interna e externa, além
de uma crise com o Senado brasileiro, com reflexos negativos
no processo de ingresso da Venezuela no Mercosul
"Muita gente acredita que fechei um canal, mas não, acabou
a concessão. O que aconteceria
nos EUA se a CNN e a Fox tivessem apoiado um golpe de
Estado? Os donos do canal seriam eletrocutados. Não somos
tão radicais, só esperamos que
acabasse a concessão", disse.
O presidente saudou a presença de novos mandatários,
afins a suas idéias, na cúpula, e
lembrou que na primeira vez
em que participou, há quase
dez anos, o ditador cubano Fidel Castro lhe disse: "Parece
que não sou mais o único diabo
nessas reuniões".
Definiu-se como um "socialista revolucionário", mas fez
uma ressalva: "Não vou pedir
ao rei da Espanha que declare a
monarquia socialista. Cada um
tem seu sistema, mas precisamos nos unir de verdade. Independentemente das diferenças
ideológicas, temos que nos integrar", afirmou.
O presidente venezuelano foi
o último a chegar para a cúpula,
na manhã de ontem, após um
dia de suspense sobre a viagem.
No aeroporto, respondeu com
versos da canção mexicana
"Monedita de Oro" a uma pergunta sobre protestos contra
sua presença em Santiago:
"Não sou moedinha de ouro para agradar a todos. Assim nasci
e assim sou, se não gostam de
mim, não importa", cantarolou.
"Mas creio que alguns gostam",
acrescentou.
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