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Chávez mantém ofensiva verbal,
e oposição vê "cortina de fumaça"
Caracas, que enfrenta crise energética e de água, diz que Bogotá é "imoral" ao falar de diálogo
DA REDAÇÃO
O governo Hugo Chávez
manteve ontem a ofensiva verbal contra a Colômbia e classificou de "imoral" o comunicado
em que o governo colombiano
se disse aberto ao "diálogo franco" com a Venezuela.
Anteontem, Chávez exortou
seu país a se "preparar para a
guerra" com a Colômbia. O governo Álvaro Uribe respondeu
dizendo que cogita levar o caso
à ONU e à OEA (Organização
dos Estados Americanos), mas
ressalvou estar disposto ao diálogo bilateral.
Para Caracas, o chamado é
hipócrita porque considera que
o objetivo do recém-assinado
acordo militar entre a Colômbia e os EUA é que Washington
exerça "dominação estratégica" sobre a América do Sul.
Ontem cresceram as vozes na
Venezuela que acusam Chávez
de usar retórica bélica para
criar cortina de fumaça para os
problemas internos venezuelanos. O governo chavista atravessa um mau momento, com
várias frentes de problemas ao
mesmo tempo: 1) crise no abastecimento de água (está em
curso drástico racionamento) e
de energia; 2) crise econômica,
com inflação acumulada anual
por volta de 20%, e 3) crise de
segurança em Caracas.
Segundo o respeitado instituto Datanálisis, a popularidade do venezuelano marcou
46,2% em outubro, ante 52% de
setembro.
Papel do Brasil
Ontem, no Rio de Janeiro, o
chanceler Celso Amorim afirmou que o Brasil está disposto
a facilitar o diálogo entre Colômbia e a Venezuela, desde
que solicitado. "Nosso espírito
é sempre facilitar o diálogo,
mas isso não depende só de
nós", disse à agência Efe.
Na sexta, porém, a Colômbia
divulgou ter pedido ajuda à Espanha para lidar com a tensão
na fronteira com a Venezuela.
Entre as opções para tratar o
problema com Chávez, Bogotá
não incluiu a Unasul (União de
Nações Sul-Americanas), foro
preferido por Brasília.
"Vamos ver se surge uma
oportunidade para que os dois
possam estar juntos, quem sabe", continuou Amorim. No dia
26, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva espera reunir em
Manaus os presidentes da região amazônica, que inclui Venezuela e Colômbia, para montar proposta conjunta a ser
apresentada na Convenção do
Clima, em Copenhague.
Ontem, o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, recebeu em Brasília Frank Pearl, alto comissário
para a Paz e Reintegração do
governo da Colômbia.
O encontro ocorre dias após
Garcia defender que Colômbia
e Venezuela assinem um pacto
de não agressão e formem uma
comissão binacional para a
fronteira -instância para a
qual o Brasil poderia colaborar.
Questionado se a sugestão tinha sido tema da conversa,
Pearl disse à Folha que a reunião "se concentrou" na cooperação bilateral sobre programas de reintegração. Ele afirmou que não estava autorizado
a falar sobre a tensão com Caracas ou sobre o acordo militar
com os EUA.
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