São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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Inflação recua na China, mas pode causar estrago

País comemorou ontem a maior redução mensal no índice desde 2009

Produção industrial registrou a expansão mais fraca em um ano; impacto da crise europeia traz receios

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O governo chinês comemorou ontem o maior recuo mensal da inflação desde fevereiro de 2009. Mas o bom resultado veio acompanhado de advertências de que o feroz combate contra a alta dos preços, a prioridade de Pequim para este ano, pode provocar estragos no crescimento econômico.
A inflação acumulada de 12 meses até outubro fechou em 5,5%. No mês anterior, havia sido de 6,1%, enquanto o pico foi registrado em julho: 6,5% -o maior em três anos.
O premiê Wen Jiabao afirmou que os preços dos alimentos vêm caindo, mas de maneira parcial. "Desde outubro, os preços ao consumidor como um todo têm caído consideravelmente. Os preços da carne de porco e dos ovos caíram, mas frutas e produtos lácteos [...] continuam em níveis elevados."
Por outro lado, a produção industrial registrou expansão de 13,2%, a mais fraca em um ano, em meio a preocupações sobre o impacto da crise na União Europeia, o maior parceiro comercial da China. A indústria de exportação, porém, vem perdendo importância no PIB chinês desde a crise de 2008. Neste ano, a grande preocupação, segundo analistas, está no mercado imobiliário chinês.

FREIO
Ao longo dos últimos meses, a China adotou medidas para conter a especulação imobiliária. O esforço surtiu efeito, mas agora existe o temor de que a pisada no freio tenha sido dura demais.
"O mercado imobiliário chinês tem um risco muito elevado de entrar em recessão. Dado que o ambiente externo se deteriorou acentuadamente, o banco central chinês precisa lançar uma política de precaução e relaxar a política monetária", disse ao jornal "Financial Times" o analista Liu Li-Gang.
Uma crise no setor imobiliário seria má notícia para a balança comercial brasileira, já que a China é o principal comprador de minério de ferro do país. A demanda depende em grande parte da construção civil. O governo chinês tem dado sinais de que o risco de superaquecimento já passou e de que é chegada a hora de um "ajuste fino". No mês passado, após uma onda de falências de pequenas e médias empresas na importante cidade industrial de Wenzhou (leste), Pequim relaxou algumas medidas de aperto de crédito bancário.
No final do mês passado, Wen prometeu uma política de ajuste fino "num momento e num grau adequados".


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