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Coca e mortadela temperam sessão confusa
DA ENVIADA A ORURO
"Por favor, queiram fazer
suas observações em papel e
enviar à mesa", diziam os integrantes da mesa diretora da Assembléia Constituinte boliviana a cada parlamentar que sugeria mudanças em algum dos
411 artigos aprovados ontem.
Um dos que deveriam seguir
a orientação era Cleto Pérez, da
bancada evangélica da Constituinte. A poucas horas da votação final, ele insistia em modificar o artigo sobre casamento e
direito reprodutivo. No caso do
matrimônio, a nova Carta fala
de "cônjuges" e não na união
entre homem e mulher. "É uma
porta aberta ao homossexualismo", reclamou, enquanto assessores jurídicos do governista MAS (Movimento ao Socialismo) comemoravam a ambigüidade do artigo.
"Somos quase 1 milhão de
evangélicos. Se não houver mudança, a Carta vai perder esses
votos no referendo", ameaçou
Pérez. A Assembléia teve seu
texto final aprovado sem que
Pérez visse, em plenária, a redação final do trecho em questão. O mesmo aconteceu com o
principal líder da oposição presente, Samuel Dória Medina,
que fez observações a respeito
de 20 artigos.
Os constituintes não devem
se reunir mais até a próxima
sexta-feira, prazo final da convocação da Assembléia. Uma
comissão formada pela mesa
diretora e líderes de bancada
deve fazer a revisão completa
do texto.
Na corrida contra o tempo, a
resolução final da Assembléia
foi votada antes que se resolvesse a discussão sobre a escolha de Sucre como capital. Irritada, a presidente Silvia Lazarte se desentendia com integrantes da mesa e esquecia de
contar os poucos votos contrários ao artigo em questão.
A maratona de 16 horas de
sessão teve poucos alívios. Sob
o frio da noite em Oruro, sanduíches de mortadela e bolachas de água e sal foram os únicos alimentos servidos no Centro de Convenções, organizado
às pressas para o evento. A folha e o chá de coca foram os
preferidos para amenizar a longa madrugada. (FM)
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