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Sul-americanos criam banco regional
Banco do Sul, impulsionada por Chávez e Kirchner, conta ainda com a participação do Brasil e de mais quatro países
Direção do órgão, cuja composição Lula quer que seja conforme o aporte de capital da instituição,
ainda está por ser decidida
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem em
Buenos Aires da assinatura da
ata de fundação do Banco do
Sul, um banco de desenvolvimento nos moldes do BNDES e
que será composto inicialmente por Brasil, Argentina, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Equador e Uruguai.
A ata é o primeiro passo formal para a criação do banco,
mas ainda faltam importantes
definições, como qual será o capital social inicial, de onde sairão os recursos para formá-lo e
qual será a composição da diretoria da entidade.
Em seu discurso, Lula revelou desavenças na construção
do banco -afirmou que a negociação permitiu que se chegasse a "um resultado aceitável",
mas em seguida defendeu que o
comando do banco seja guiado
por critérios de proporcionalidade dos aportes que cada país
fará, o que é questionado por
outros sócios. "A solidez (...) do
Banco do Sul dependerá de práticas e critérios firmes e críveis
de governança e administração, que combinem de forma
justa e equilibrada os princípios da representação paritária
e da proporcionalidade", disse.
Lula afirmou que o órgão será fundamental para a integração da região. "Com ele, vamos
superar limitações de acesso a
financiamento (...) Esse será o
primeiro banco internacional
verdadeiramente controlado
pelos países do continente."
Apesar do lançamento com
pompa na Casa Rosada, com
seis presidentes (o uruguaio
Tabaré Vázquez não esteve) e
da presidente eleita Cristina
Fernández de Kirchner, que toma posse hoje, o banco ainda
não tem data para funcionar.
Uma desavença é a origem
dos recursos que comporão o
capital social, que deve ser inicialmente de cerca de US$ 7 bilhões -metade do capital social
do BNDES. A Venezuela defende que se usem as reservas internacionais dos países, mas o
ministro da Fazenda do Brasil,
Guido Mantega, garantiu que,
ao menos no caso do Brasil, os
recursos virão do Orçamento.
O Banco do Sul terá sua sede
em Caracas e uma subsede em
Buenos Aires. Isso porque Hugo Chávez idealizou o projeto e
Néstor Kirchner foi um dos
seus maiores entusiastas. Para
Mantega, porém, "não existe
possibilidade de nenhum país
controlar o banco".
O ministro afirmou que o objetivo da instituição é o lucro e
que conversará com ministros
de Chile e Peru para que esses
países se somem ao projeto; a
Colômbia já manifestou interesse, disse.
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