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Internação forçada em hospital psiquiátrico é estratégia para calar dissidentes na China
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Manifestantes e ativistas políticos chineses têm sido internados em um hospital psiquiátrico na cidade de Xintai, na
Província de Shandong, numa
política de calar a dissidência.
Uma reportagem do jornal
estatal "The Beijing News" revela que o departamento de segurança pública de Xintai tem
internado ativistas que protestam pelos mais variados temas
- de moradores que foram desalojados para dar espaço a projetos imobiliários a gente que
protesta pela corrupção local.
Alguns entrevistados dizem
que ficaram internados por
dois anos, outros que foram
medicados à força - e só liberados após concordar em deixar
seus pleitos de lado.
Um camponês de 57 anos,
Sun Fawu, disse que foi internado quando tentava ir a Pequim atrás de indenização para
sua terra desapropriada por
uma mina de carvão. Antes de
apresentar reclamação ao governo central, Sun foi detido
em outubro por vinte dias.
Lá ele foi amarrado a uma cama, levou injeções e tomou pílulas que o deixaram zonzo.
Ao reclamar para o médico
que o medicava, que não tinha
doenças mentais, ouviu: "Não
ligo se está doente ou não, o governo local o mandou para cá,
tratarei como doente mental".
O diretor do hospital, Wu Yuzhu, admitiu que alguns de seus
18 pacientes foram levados pela
polícia nos últimos anos sem
ter problema psíquico, mas
precisou interná-los. "O hospital também tinha dúvidas".
Autoridades de Xintai alegaram economia de dinheiro com
a tática (não precisam mandar
homens a Pequim atrás dos
manifestantes) e evitam "constrangimento" ao governo local.
Um popular ditado chinês se
refere ao poder estabelecido
por autoridades locais, que
muitas vezes ignoram diretrizes do governo nacional em Pequim. "O céu é tão alto e o imperador está longe."
Nos últimos meses, é comum
que a imprensa estatal, dirigida
de perto pelo Partido Comunista, utilize suas páginas para
"moralizar" os atos de prefeituras e governos regionais.
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