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Brasileiros pagam fatura de negociação
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A política brasileira de
apaziguamento com o Paraguai na espinhosa questão de
Itaipu começou e emitir sua
fatura para o consumidor. A
energia de Itaipu, cuja tarifa
será aumentada em 8,7%, é
comprada, compulsoriamente, pelas distribuidoras
de energia das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste.
O aumento reflete negociação feita entre os dois governos -em 2007, o Brasil
decidiu isentar o Paraguai do
pagamento da correção monetária da dívida da hidrelétrica de Itaipu. Nos cálculos
da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica), essa
isenção implicou em aumento de custo de mais de 480%
para o consumidor brasileiro. Não se sabe qual será o
reajuste para o consumidor,
já que o repasse depende da
regra de cada distribuidora.
O acordo que beneficia os
paraguaios foi fechado em
março de 2007 na Cúpula do
Mercosul. A hidrelétrica de
Itaipu, na fronteira entre os
dois países, responde por
24% do mercado brasileiro e
por 95% do paraguaio.
A medida ocorre quando
cresce a pressão paraguaia
para que sejam revistos diversos pontos do acordo que
levou à construção, entre
1975 e 1984. O Brasil arcou
com a maior parte dos custos, e o saldo desta dívida
com bancos internacionais é
de US$ 19,6 bilhões, que serão pagos até 2023.
A dívida é paga por meio
da tarifa cobrada dos consumidores dos dois países. A
maior parte é financiada pelos brasileiros, porque o país
consome 94% da energia
produzida pela usina. Essa
energia é comprada pela Eletrobrás, que repassa compulsoriamente o custo para
19 distribuidoras das regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O saldo devedor é reajustado por juros de 7,5% ao
ano mais correção monetária, chamada "fator de ajuste". Esse fator é um percentual calculado com base na
inflação americana medida
para os consumidores e para
a indústria. A decisão do Brasil foi permitir que o Paraguai não pague a correção.
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