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Funeral de jovem gera mais manifestações na Grécia
Ministro da Informação atribui dificuldade para conter a escalada de violência à "opção por não arriscar mais vidas de inocentes"
ANTHEE CARASSAVA
RACHEL DONADIO
DO "NEW YORK TIMES", EM ATENAS
Milhares de manifestantes
marcharam pelo centro de Atenas ontem, enfrentando a tropa
de choque enquanto gritavam
lemas oposicionistas, durante o
enterro do jovem morto pela
polícia no sábado. O episódio
deflagrou os piores protestos
no país em anos.
A violência irrompeu depois
do funeral de Alexandros Grigorópolus, 15. A cerimônia, de
uma hora, transcorreu de maneira calma, mas depois, quando centenas de pessoas se encontraram na saída do cemitério, grupos de jovens recorreram à violência, lançando bombas de gasolina e pedras contra
a tropa, que tentava conter a
multidão. Os policiais reagiram
com gás lacrimogêneo.
Os protestos, que refletem a
profunda insatisfação popular
por diversos problemas, devem
continuar ao menos hoje -deve acontecer uma greve geral.
A tensão aumentou a pressão
sobre o premiê Costas Karamanlis, cujo governo direitista tem
maioria de só um voto no Legislativo e não conseguiu conter a
raiva contagiou o país quando o
adolescente foi abatido.
Questionado sobre os motivos para que a violência continuasse, o ministro da Informação, Panos Livadas, disse à rede
britânica BBC: "A escolha que
fizemos foi a de não colocar em
risco mais sangue inocente".
Ontem, após uma manhã
tranqüila, os manifestantes se
reagruparam e marcharam na
direção da sede do Legislativo,
gritando lemas como "abaixo o
governo de assassinos".
A multidão de milhares de
estudantes, professores e operários foi recebida pela tropa de
choque, armada de escudos,
que estava de guarda diante do
Parlamento. Houve algumas altercações entre jovens que lançaram pedras e a polícia, mas
nada que se aproximasse do nível de violência da véspera.
Reação do Estado
Karamanlis alertou que responsáveis pelos tumultos não
seriam tratados com leniência.
"Ninguém tem o direito de
usar esse trágico incidente como álibi para ações de violência
descontrolada, para ações contra pessoas inocentes, suas propriedades e a sociedade como
um todo, e contra a democracia", disse ontem, após reunião
de emergência com o presidente Carolos Papoulias.
O premiê conduziu reuniões
consecutivas com membros do
governo e líderes oposicionistas na busca por seu apoio às
operações de segurança para
conter a crise.
No quartel-general da polícia
de Atenas, um porta-voz informou que 12 policiais haviam sido feridos em choques com os
manifestantes em 10 pontos da
capital grega, na noite de anteontem. Os confrontos resultaram na detenção de 87 manifestantes e de outras 176 pessoas, detidas e libertadas.
O prefeito Nikitas Kaklamanis aconselhou os atenienses a
não irem de carro ao centro da
cidade e pediu que guardassem
o lixo em casa (os manifestantes atearam fogo a 160 grandes
recipientes de lixo anteontem,
no protesto organizado pelo
Partido Comunista, que descambou para um dos piores incidentes recentes de violência).
Uma série de hotéis cinco estrelas foram saqueados e um
guarda de um deles (o Plaza) relatou que os hóspedes foram
retirados. Houve relato de um
pequeno incêndio no saguão do
Ministério do Exterior.
Os tumultos começaram no
sábado, depois que o jovem
morreu baleado em incidente
que a polícia narrou como confronto com o crime organizado
-antes de disparar, os policiais
tiveram o carro apedrejado. O
governo acusou um policial de
homicídio doloso e uso ilegal de
arma de fogo, e seu parceiro, de
cumplicidade.
Políticos e autoridades de segurança estudam a possibilidade de uma operação policial em
larga escala para deter radicais
que propelem os protestos.
TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI
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