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Universidade Politécnica é bastião da "guerra civil" dos estudantes atenienses
ELISE VINCENT
DO "MONDE"
Sua cidadela não tem mirantes, mas salas de aula. Eles fizeram dela seu reduto. É a Universidade Politécnica de Atenas, com 13 mil alunos. A universidade se tornou a praça-forte daquilo que alguns já chamam de sua "guerra civil".
"Eles" são estudantes, jovens
ativos, rapazes e moças. Os lenços e capuzes que os protegem
contra as bombas de gás lacrimogêneo envolvem tanto rostos barbados quanto brincos.
É toda uma geração, de fato:
entre 15 e 35 anos. Toda uma
sociedade, também: pessoas
que trabalham em troca do salário mínimo, jovens assalariados, militantes de extrema esquerda e outros que não são engajados. São seus uniformes de
amotinados -roupas escuras,
tênis Converse- que ultrapassam as divisões.
O que eles têm em comum é o
ódio aos "tiras, porcos, assassinos". Ao pé dos altos muros beges grafitados da universidade,
atrás dos quais eles se refugiam
entre dois ataques com paralelepípedos, não se fala outra língua. A instituição que lhes serve de campo de base tem um
passado próprio para animar
ressentimentos: foi de lá, em
1973, que partiu a revolta estudantil que precipitou a queda
do regime dos coronéis, de 1967
a 1974. Hoje, a lei proíbe as forças da ordem de porem os pés
na universidade.
Eles sonham em derrubar o
governo de centro-direita de
Costas Caramanlis. Vêem o governo como responsável pela
corrupção e as desigualdades
sociais. Responsável, também,
por seus salários baixos, de 650
euros, que obrigam muitos a
continuar vivendo com os pais
até os 30 anos de idade.
No pátio da faculdade, a
"guerra civil" é organizada metodicamente. Num canto, uma
equipe fabrica coquetéis Molotov. Em outro, os proprietários
de motos e mobiletes garantem
a ronda dos bairros vizinhos.
Outro canto é o dos pouco falantes koukoulofori (encapuzados), em suas roupas pretas.
No sétimo e último piso de
um dos edifícios do fundo do
pátio, a administração está presente, mas escondida. São uma
dezena de pessoas que fazem
turnos. "No início éramos mais,
mas as pessoas estão começando a se cansar", explica o vice-presidente da universidade,
Gerasimos Spathis.
O corpo docente e os diretores da universidade se opõem
ao governo há tempos, e especialmente à política de "privatização" das faculdades. Assim,
diante dos koukoulofori que arrancam lajotas dos terraços do
prédio para atirá-las do sétimo
andar onde ele encontrou refúgio, Spathis incentiva: "É um
mal menor. Se não estivéssemos aqui, haveria mortos."
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