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FUTUROLOGIA
Projeto financiado pelo governo americano avalia que situação econômica e social do continente pouco mudará
AL dará "meio passo" até 2020, prevê estudo
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
A desconfiança com relação às
reais motivações do Brasil não
deixa o país se tornar uma liderança regional, impedindo a conquista de um assento no Conselho
de Segurança da ONU. Na Cuba
pós-Fidel Castro, residentes e ex-exilados disputam compensações
e propriedades. Na Colômbia,
mais um ano de combates entre o
Exército e guerrilheiros financiados pelo narcotráfico.
Essas e outras histórias pouco
animadoras e algo familiares deverão ocupar as análises de fim de
ano em 2020. Pelo menos é o que
prevêem os relatórios preliminares do ambicioso Projeto 2020, financiado pelo governo dos EUA.
Coordenado pelo influente
Conselho Nacional de Inteligência (NIC, na sigla em inglês), o
projeto reúne especialistas de diversas áreas, que debatem sobre
os cenários mais prováveis para
quase todo o mundo, dividido em
sete grandes áreas.
Como se trata de projeções voltadas à política externa, os Estados Unidos ficaram de fora. O Canadá, o "51º Estado americano",
também não foi incluído nesse
exercício de futurologia.
O NIC é um dos órgãos mais
importantes da inteligência americana e está subordinado diretamente ao diretor da CIA, George
Tenet. Sua função primordial é
fornecer informações para estratégias governamentais de médio e
longo prazos.
Segundo o site do projeto, os relatórios produzidos até agora são
considerados "para discussão" e
não representam a visão do governo americano. Iniciado em novembro passado, o projeto terá
um ano de duração e pode ser
acompanhado pela internet.
Meio passo adiante
Comparadas com as diversas
regiões do mundo, as projeções
para a América Latina se destacam pela estagnação.
Com o sugestivo título "Dois
Passos para a Frente, Um e Meio
para Trás", o relatório afirma que
o fracasso em combater a pobreza
e a distância entre ricos e pobres
continuarão a atrapalhar o desenvolvimento. Problemas como
corrupção oficial, excesso de impostos, desrespeito aos direitos
humanos e ineficiência policial
persistirão.
Segundo o estudo, o fator mais
positivo será o impacto da Organização Mundial do Comércio
(OMC) e da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas), que
abrirão os mercados americanos
e mundiais, sobretudo para os
produtos agrícolas. O Mercosul, a
OEA (Organização dos Estados
Americanos) e outras organizações regionais pouco avançarão.
Nessa cenário globalizado, no
entanto, a América Latina ficará
para trás por motivos bem conhecidos: receio de investidores internacionais, alto grau de endividamento, desemprego e mão-de-obra pouco competitiva.
A relativa estabilidade da região
fará com que a atenção dos EUA
se volte para regiões mais críticas
do planeta, abrindo espaço para
outras forças econômicas, como a
União Européia, a Índia, o Japão e
sobretudo a China.
Diferenças regionais
Há poucas chances de que ocorra guerra entre países, mas há regiões potencialmente explosivas,
como as divisas Venezuela-Colômbia, Equador-Peru e as fronteiras amazônicas brasileiras.
O relatório prevê algumas variações regionais. O México terá alcançado a condição de principal
parceiro econômico americano e
se distanciará da América Latina.
O Chile continuará seu crescimento econômico e terá uma posição privilegiada na região.
Já a Argentina ainda não terá se
recuperado totalmente do colapso econômico, enquanto os países
andinos continuarão sofrendo
com narcotráfico e guerrilhas.
Leia a íntegra dos relatórios em http://www.cia.gov/nic/NIC-2020-project.html
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