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Israel pediu a EUA armas contra Irã, revela jornal
No início de 2008, Olmert solicitou bombas para atacar instalações nucleares; Bush negou
Para acalmar Israel, EUA revelaram que mantêm operações secretas para sabotar programa de Teerã, relata "New York Times"
DAVID E. SANGER
DO "NEW YORK TIMES, EM
WASHINGTON
O presidente dos EUA, George W. Bush, negou um pedido
secreto de Israel no ano passado de bombas especiais para
destruir bunkers. Essas bombas serviriam para um ataque
israelense ao principal complexo nuclear do Irã.
Bush disse a Israel que havia
autorizado novas operações secretas para sabotar seus esforços em desenvolver armas nucleares. A informação foi apurada pelo "New York Times"
com funcionários americanos e
estrangeiros, que não quiseram
ter seus nomes divulgados.
A Casa Branca nunca chegou
a uma conclusão se Israel havia
decidido levar o ataque ao Irã a
cabo ou se o premiê Ehud Olmert estava tentando apenas
pressionar Bush para que agisse mais decisivamente contra o
país antes de deixar o cargo.
Mas a administração Bush ficou especialmente alarmada
com o pedido israelense de sobrevoar o Iraque para atingir o
complexo nuclear iraniano de
Natanz, onde fica a única usina
de enriquecimento de urânio
conhecida do país.
A Casa Branca negou o pedido, e os israelenses recuaram
de seus planos, ao menos temporariamente. Mas o pedido fez
a Casa Branca aumentar o compartilhamento de sua inteligência com Israel e relatar seus
novos esforços em sabotar o
programa nuclear iraniano,
uma operação secreta que Bush
entregará a seu sucessor, Barack Obama.
As entrevistas feitas pelo
"New York Times" sugerem
que Bush foi extensivamente
informado sobre as opções para
um ataque americano às instalações iranianas, mas nunca
instruiu o Pentágono a ir além
dos planos de contingência.
Bush foi convencido por assessores, liderados pelo secretário da Defesa, Robert Gates
-que seguirá no cargo sob Obama-, que qualquer ataque ao
Irã seria provavelmente ineficaz, levaria à expulsão dos inspetores internacionais e tornaria os esforços nucleares do Irã
ainda mais nebulosos.
Em vez desse caminho, Bush
preferiu adotar mais operações
secretas contra o Irã, depois de
concluir que as sanções impostas pelos EUA e seus aliados
não estavam arrefecendo os esforços do Irã em enriquecer
urânio. A continuidade dessas
operações, e a questão se Israel
se contentará com algo menos
do que um ataque convencional
contra o Irã, constituirão um
desafio imediato para Obama.
O programa americano começou no início de 2008 e inclui esforços em penetrar a cadeia de fornecimento de urânio
ao Irã além de tentativas experimentais de sabotar sistemas
elétricos e de computação usados pelo país, com o objetivo de
atrasar o desenvolvimento de
sua capacidade de produzir
uma arma nuclear.
Desde que foi eleito, Obama,
que toma posse no dia 20, foi
extensivamente informado sobre as ações americanas no Irã.
No início de sua Presidência,
ele terá que decidir se as ações
iniciadas por Bush compensam
o risco de perturbar o que ele
assegurou que será um maior
esforço diplomático na questão
iraniana.
Conflito de inteligência
O pedido de Israel em obter
as bombas e a permissão para
sobrevoar o Iraque para um
ataque do Irã surgiu da descrença e raiva provocadas por
um relatório da inteligência
americana completado em
2007 que concluiu que o Irã havia abandonado seu desenvolvimento de armas nucleares
quatro anos antes.
Essa conclusão também surpreendeu Bush e sua equipe de
segurança nacional. Os relatórios indicavam que os engenheiros iranianos haviam recebido ordens para interromper o
desenvolvimento de uma bomba em 2003, embora continuassem a tentar dominar o
enriquecimento do urânio, o
passo mais difícil para a construção de uma arma nuclear.
Os israelenses responderam
duramente ao relatório americano, fornecendo à inteligência
americana indícios de que o Irã
ainda estava trabalhando em
uma bomba.
No início de 2008, o governo
israelense pediu as bombas antibunker aos EUA, equipamento de reabastecimento que desse autonomia de voo até o Irã
aos caças israelenses e o direito
de sobrevoar o Iraque.
Bush negou os pedidos, mas
deu a Israel um sistema de radar de alto alcance, chamado X-Band, capaz de detectar qualquer lançamento de míssil iraniano. Era o único elemento do
pedido israelense que poderia
ser usado apenas para defesa.
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