São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Presidente de Timor Leste é ferido a tiros em ataque

Ramos-Horta é operado em base australiana; guarda-costas e agressor morrem

Casa do premiê Xanana Gusmão também é atacada; líder venceu Nobel da Paz em 1996 por papel no fim da ocupação pela Indonésia

DA REDAÇÃO

O presidente de Timor Leste, José Ramos-Horta, 58, foi ferido com um tiro no estômago na manhã de hoje (noite de ontem no Brasil) por um grupo liderado por um ex-militar rebelde em um ataque em sua casa, perto da capital, Dili. A informação é do porta-voz do Exército, major Domingos da Câmara.
Ele foi levado para uma base militar da Austrália no país e, segundo a mídia australiana, sua condição era estável. Quando possível, seria levado a Darwin, no país vizinho.
Segundo Câmara, dois carros passaram em frente à casa de Ramos-Horta por volta das 7h de hoje e começaram a atirar. Um guarda-costas do presidente e o líder do ataque, o ex-militar Alfredo Reinado, morreram no tiroteio (veja texto ao lado).
Membros do governo afirmaram que a casa de Xanana Gusmão, atual premiê, também foi atacada, mas não há relatos de feridos. Tampouco foram divulgados detalhes.
Para o analista de segurança Alan Dupont, o ataque terá sérias conseqüências para Timor Leste. "Isso vai desestabilizar o país ainda mais, logo quando tentam se recuperar dos problemas dos últimos 18 meses", disse, de Sydney.
Ex-colônia portuguesa, Timor Leste sofreu por mais de duas décadas uma brutal ocupação da Indonésia e só obteve a independência com soberania plena em 2002. Os novos líderes prometem conter a pobreza e restaurar os difíceis laços entre a polícia e o Exército.
Ramos-Horta derrotou no segundo turno, em maio último, Francisco Guterres Lu Olo, sucedendo então Xanana Gusmão na Presidência. Ele dividiu em 1996 o Prêmio Nobel da Paz com o bispo Carlos Filipe Ximenes Belo, por sua resistência à ocupação indonésia.
O presidente, que em 2006 foi ministro da Defesa e depois premiê do país, esteve no Brasil no fim de janeiro, quando se reuniu com o colega Luiz Inácio Lula da Silva, a quem pediu mais apoio na reconstrução.
Na ocasião, Ramos-Horta afirmara em entrevista à Folha que o risco de confrontos no país era "muito baixo": "Ainda como premiê, comecei o trabalhar para sarar as feridas nas forças de segurança. Em 2006, chegamos perto do abismo, mas paramos a tempo".


Com agências internacionais


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