São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Otan acabará se Europa não apoiar guerra no Afeganistão, diz Gates

Pressionado pela deterioração do cenário no país, americano quer reforços

DA REDAÇÃO

Sob pressão por conta da constante piora do cenário no Afeganistão, o secretário da Defesa americano, Robert Gates, afirmou que a Otan (aliança militar ocidental) estará em risco caso a Europa não ofereça maior apoio aos EUA nos combates no país centro-asiático.
"Não devemos -não podemos- ser uma aliança dividida entre quem quer lutar e quem não quer. Isso, com todas as suas implicações para a segurança coletiva, destruiria efetivamente a Otan", disse o secretário durante a Conferência de Segurança de Munique.
Gates pediu aos aliados que se unam na luta contra militantes islâmicos no Afeganistão. Disse também que a Otan não pode "se dar ao luxo" de deixar algumas nações conduzirem ações menos perigosas enquanto outras lutam e morrem -aparente alusão à Alemanha, cujas tropas atuam no relativamente seguro norte afegão enquanto americanos, canadenses, holandeses e britânicos estão no turbulento sul.
A chanceler alemã, Angela Merkel, confirmou ao "Hamburger Abendblatt" que Berlim não alterará sua missão no país, ainda que a revista "Der Spiegel" tenha dito que poderão ser enviados entre 1.000 e 4.500 soldados adicionais.
"Esse é um problema da aliança, e não de um país individual", rebateu Gates.
Na sexta-feira, o secretário havia afirmado que os países europeus confundem as ações no Iraque e no Afeganistão. "Muitos, eu acho, têm um problema com nosso envolvimento no Iraque e projetam isso no Afeganistão. Não entendem a diferença do tipo de ameaça."
O governo Bush apresenta as duas guerras como parte da luta global contra o terrorismo, mas invadiu, em 2001, o Afeganistão para acabar com o regime do Talebã, que escondia a cúpula da Al Qaeda. Um ano e meio depois, declarou guerra ao Iraque pela posse de um suposto arsenal proibido -que nunca foi encontrado.
Na última terça, em Londres, Condoleezza Rice, secretária de Estado americana, admitira que a missão no Afeganistão está sendo muito mais difícil do que o esperado. "A aliança está enfrentando um teste real, e é um teste de sua força."
A Otan tem hoje 42 mil homens no Afeganistão, sendo 15 mil americanos e 7.800 britânicos. Os alemães têm o terceiro contingente, 3.210 militares.

Iraque
De Munique, Gates partiu para Bagdá, numa "visita-surpresa". "Claro que quero ouvir a avaliação do general [David] Petraeus [chefe das tropas dos EUA no Iraque], saber em que ponto ele está e o que falta fazer antes de sua apresentação [ao Congresso americano, em abril, quando pode recomendar a redução das tropas]", disse Gates ainda no avião.
Para ele, os líderes políticos iraquianos mostram sinais de progresso em direção à reconciliação, mas ainda têm dificuldade para estabilizar o país. "Parecem energizados nas últimas semanas." Gates deveria se encontrar com o presidente e o primeiro-ministro iraquianos.
Antes de o americano chegar, 23 pessoas morreram com a explosão de um carro-bomba que invadiu, em Balad (norte), um mercado perto de um posto de controle operado por árabes sunitas. Na mesma cidade, dois policiais morreram atingidos por um morteiro. E confronto envolvendo a Al Qaeda e milícias antiextremismo deixou 15 mortos em Sinjar (norte).


Com agências internacionais


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