São Paulo, quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

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Paris rejeita apelo do Brasil ao diálogo

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A França minimizou ontem a posição brasileira sobre o programa nuclear do Irã e disse que continuará a "trabalhar com seus parceiros" para fortalecer as medidas que visam dissuadir Teerã da ideia de enriquecer urânio por conta própria.
Não ficou claro se o Brasil estaria ou não entre eles, já que os dois países estreitaram a aliança nos últimos meses e se dizem parceiros estratégicos.
Indagado durante entrevista coletiva transmitida pela internet sobre o que Paris pensava da posição do chanceler Celso Amorim e o que faria para persuadir o parceiro a aceitar punir Teerã, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero, evitou mencionar diretamente o país.
Mas refutou a ideia de Amorim de que deve haver mais tempo para o diálogo, sem sanções. Nos últimos dias, a Rússia, que compartilhava da mesma posição do Brasil, recuou.
"Até este momento, o Irã não respondeu às múltiplas ofertas de diálogo e cooperação que lhe foram colocadas", respondeu Valero. "Nessas condições, e segundo a abordagem dupla promovida pelo P5 +1 [China, Rússia, EUA, Reino Unido, França e Alemanha], que se baseia no diálogo e na firmeza, não nos resta outra opção hoje que não seja trabalhar com nossos parceiros para reforçar essas medidas."
Em Paris, a Chancelaria evita declarações sobre a divergência de opiniões, evidente. Em Genebra, porém, diplomatas afirmam que ela não está entre as preocupações centrais do governo francês, e os dois lados negam contatos.
O Brasil tem debatido a questão iraniana com os EUA, que lideram a pressão para a imposição de novas sanções. Mas Brasília mantém a posição de que é preciso mais tempo para o diálogo. Da forma como as coisas se delineiam hoje, apurou a Folha, o Brasil deve optar pela abstenção na votação no Conselho de Segurança.


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