UOL


São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ação sem aval do CS fere Carta da ONU, diz Annan

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, advertiu Washington ontem de que uma guerra para desarmar o Iraque e depor o regime do ditador Saddam Hussein sem autorização do Conselho de Segurança (CS) não teria legitimidade e seria uma violação da Carta das Nações Unidas.
Annan voltou a defender que sejam esgotadas todas as possibilidade de resolução pacífica da crise antes que seja adotado o caminho da guerra.
"Os membros do CS estão agora diante de uma escolha importante", disse Annan. "Se não chegarem a uma posição comum e uma ação for tomada sem a autoridade do CS, a legitimidade e o apoio a qualquer ação desse tipo seriam gravemente prejudicados."
E acrescentou: "Se os EUA e outros contornarem o Conselho e lançarem uma ação militar, isso não estaria em conformidade com a Carta [da ONU]".

Diplomacia
Ontem foi um dia de intensa movimentação diplomática. Tanto a França como os EUA tentam ganhar votos contra ou a favor da guerra dos seis países do CS ainda indecisos.
O chanceler francês, Dominique de Villepin, está visitando os países africanos com cadeira provisória no CS -Angola, Camarões e Guiné. Em visita rápida à capital angolana, Luanda, ele não conseguiu convencer o governo de que a guerra pode ser evitada.
Na visão do chanceler angolano, João Bernardo de Miranda, "a guerra é inevitável". O país ainda não tornou pública a sua intenção de voto sobre a proposta de resolução patrocinada pelos EUA.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, teve um encontro ontem com o chanceler de Guiné e falou ao telefone com autoridades de Angola, México e Paquistão.
Anteontem, Powell havia afirmado que havia uma "forte chance" de os EUA conseguirem dez votos -algo que parece improvável nas atuais circunstâncias.
Um integrante do partido do governo paquistanês disse que o país pretende optar pela abstenção. Embora seja aliado de Washington na guerra ao terrorismo, o Paquistão é um país de população muçulmana que se opõe fortemente a uma ofensiva contra o Iraque.
O presidente americano, George W. Bush, também tem participado pessoalmente da ofensiva diplomática pela aprovação da resolução. Falou ontem ao telefone com o premiê do Japão, Junichiro Koizumi, e com os presidentes da China, Jiang Zemin, da África do Sul, Thabo Mbeki, e com o sultão Qaboos, de Omã.
Até o momento, apenas EUA, Reino Unido, Espanha e Bulgária são abertamente a favor da nova resolução. França, Rússia, China, Alemanha e Síria são contra e pedem mais tempo para as inspeções de armas da ONU. Entre os que estão indefinidos, o Chile tende a rechaçar a proposta ou a se abster, enquanto o México tende a apoiar os americanos.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Cresce oposição à guerra dentro do governo Blair
Próximo Texto: Francês não vê ameaça às relações com os EUA
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.