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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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Francês não vê ameaça às relações com os EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As relações franco-americanas não estão em jogo na atual divergência entre os dois países quanto a uma possível guerra contra o Iraque. É o que afirma o secretário para as Relações Exteriores da França, Renaud Muselier, 44, que pode vir ao Brasil nos próximos dias para encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo em comando na política exterior francesa, só abaixo do chanceler, Dominique de Villepin, Muselier diz que a diferença entre França e EUA está apenas no meio para desarmar o Iraque.
O secretário endossa o discurso do premiê Jacques Chirac e defende a continuidade das inspeções no Iraque. A seguir, trechos da entrevista que ele concedeu por e-mail. (ELIANE CANTANHÊDE)
 

Folha - Até o ex-premiê Lionel Jospin se diz impressionado com a posição da França contra a guerra no Iraque. Quais são as vantagens e os riscos dessa posição?
Renaud Muselier -
A posição defendida pela França é a da legalidade internacional: quando da adoção da resolução 1441, em 8 de novembro, a comunidade internacional optou pelo desarmamento pacífico do Iraque por intermédio das inspeções. Constata-se hoje que essas inspeções têm dado resultado, como mostraram os relatórios apresentados pelos inspetores em 7 de março. É preciso dar às inspeções as oportunidades de obter sucesso.

Folha - O governo francês teme os efeitos sobre o comércio da França com os EUA, por exemplo?
Muselier -
Os EUA são nossos amigos e nossos aliados. Têm sido realizados contatos regulares no mais alto nível. Por essa razão, nós podemos nos falar francamente. O que está em questão é o Iraque e não a relação franco-americana. Nossas divergências, no que se refere ao Iraque, dizem respeito apenas aos meios: estamos de acordo quanto ao objetivo, que é o desarmamento do Iraque. Nós estamos de acordo, aliás, sobre numerosas questões.

Folha - Os presidentes Lula e Chirac conversaram sobre a guerra e voltaram a falar sobre isso ao telefone. O que eles articulam?
Muselier -
O apoio dado pelo presidente Lula, em nossa opinião, é um elemento essencial. O Brasil pode desempenhar um papel maior explicando a importância que dá ao prosseguimento das inspeções, particularmente para outros países da América Latina.


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