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Francês não vê ameaça
às relações com os EUA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As relações franco-americanas
não estão em jogo na atual divergência entre os dois países quanto
a uma possível guerra contra o
Iraque. É o que afirma o secretário
para as Relações Exteriores da
França, Renaud Muselier, 44, que
pode vir ao Brasil nos próximos
dias para encontrar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo em comando na política exterior francesa, só abaixo do
chanceler, Dominique de Villepin, Muselier diz que a diferença
entre França e EUA está apenas
no meio para desarmar o Iraque.
O secretário endossa o discurso
do premiê Jacques Chirac e defende a continuidade das inspeções
no Iraque. A seguir, trechos da entrevista que ele concedeu por e-mail. (ELIANE CANTANHÊDE)
Folha - Até o ex-premiê Lionel
Jospin se diz impressionado com a
posição da França contra a guerra
no Iraque. Quais são as vantagens e
os riscos dessa posição?
Renaud Muselier - A posição defendida pela França é a da legalidade internacional: quando da
adoção da resolução 1441, em 8 de
novembro, a comunidade internacional optou pelo desarmamento pacífico do Iraque por intermédio das inspeções. Constata-se hoje que essas inspeções têm
dado resultado, como mostraram
os relatórios apresentados pelos
inspetores em 7 de março. É preciso dar às inspeções as oportunidades de obter sucesso.
Folha - O governo francês teme os
efeitos sobre o comércio da França
com os EUA, por exemplo?
Muselier - Os EUA são nossos
amigos e nossos aliados. Têm sido
realizados contatos regulares no
mais alto nível. Por essa razão, nós
podemos nos falar francamente.
O que está em questão é o Iraque e
não a relação franco-americana.
Nossas divergências, no que se refere ao Iraque, dizem respeito
apenas aos meios: estamos de
acordo quanto ao objetivo, que é
o desarmamento do Iraque. Nós
estamos de acordo, aliás, sobre
numerosas questões.
Folha - Os presidentes Lula e Chirac conversaram sobre a guerra e
voltaram a falar sobre isso ao telefone. O que eles articulam?
Muselier - O apoio dado pelo
presidente Lula, em nossa opinião, é um elemento essencial. O
Brasil pode desempenhar um papel maior explicando a importância que dá ao prosseguimento das
inspeções, particularmente para
outros países da América Latina.
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