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MISSÃO NO CARIBE
Eleições legislativas são adiadas para 21 de abril, o que pode atrasar posse do novo presidente haitiano
Préval quer mudanças em ação da ONU
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito do Haiti, René Préval, defendeu ontem em
Brasília a permanência das tropas
brasileiras no país, mas disse que
o papel da Minustah (Missão das
Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) deve ser redefinido
para se adaptar à nova realidade
do país, após as eleições. Ele não
detalhou qual seria o novo papel
da Minustah, mas disse que os detalhes serão discutidos com as autoridades que formam a força.
O Brasil comanda a Minustah
desde junho de 2004 e participa
com 1.200 soldados. Préval disse
que não sabe por quanto tempo
será preciso manter a presença de
tropas internacionais no país,
mas disse que seria "uma irresponsabilidade da comunidade internacional" deixar o Haiti agora.
Para ele, a Minustah não deve se
retirar enquanto não forem fortalecidas a Justiça e a polícia haitianas. "Nossa Justiça e nossa polícia
são muito fracas, e seria irresponsável de nossa parte requerer a
saída da Minustah. Mas é melhor
redefinir o mandato para adaptá-lo à atual situação", disse.
Préval fez ontem sua primeira
visita ao Brasil como presidente
eleito, depois de uma conturbada
votação, no dia 7 de fevereiro. O
líder haitiano só foi declarado vitorioso no primeiro turno mediante a intervenção do governo
brasileiro -que sugeriu ao Comitê Eleitoral Provisório e à comunidade internacional mudar
as regras e anular a contagem de
votos brancos e nulos, sob suspeita de fraude. O objetivo era evitar
o recrudescimento da violência
no país.
"A comunidade internacional
acompanhou o processo eleitoral
e o Brasil não fez qualquer imposição sobre o resultado, que foi totalmente independente. Eu não
tenho conhecimento sobre nenhum tipo de pressão que possa
ter sido feita", disse Préval.
Ele defendeu a formação de
uma força policial civil haitiana
baseada no exemplo da Gerdarmerie francesa e canadense, no
lugar do restabelecimento do
Exército, como reivindicam ex-militares haitianos. Segundo Préval, a formação de um novo Exército seria inútil em um país que
tem outras prioridades de gasto,
como saúde e educação.
A posse de Préval está prevista
para o dia 29, mas poderá ser remarcada por causa do adiamento
do segundo turno das eleições locais e parlamentares, que de 19 de
março passaram para 21 de abril.
Hoje, Préval viaja com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Chile para assistir à posse da presidente Michelle Bachelet.
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