São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011

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França chancela rebeldes como governo

Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciou que pretende se encontrar com líderes dos insurgentes

Apesar da resolução francesa, outros países da União Europeia silenciam sobre o apoio a um lado do conflito


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Enquanto países europeus e os EUA não se entendem sobre uma ação militar contra a Líbia, a França deu um passo à frente na questão diplomática e reconheceu os rebeldes do CNL (Conselho Nacional Líbio) como o governo legítimo do país.
A França pretende agora enviar uma embaixador a Benghazi, cidade no leste da Líbia que funciona como capital para os opositores.
O reconhecimento foi festejado pelos rebeldes, que esperam a mesma ação de outros países. Eles entendem que uma validação diplomática de várias nações dará acesso ao dinheiro do país congelado no exterior e ao lucro da venda de petróleo.
Mas o ato francês não foi acompanhado pela União Europeia nem por outro país.
O Reino Unido afirma considerar que os rebeldes são interlocutores legítimos, mas que não reconhece grupos, apenas Estados.
Já os EUA romperam totalmente as relações com o governo líbio e ordenaram o fim das operações da embaixada do país em Washington.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que pretende também se reunir com representantes dos rebeldes, tanto em Washington quanto durante viagem ao Egito e à Tunísia na próxima semana.

ATAQUES CIRÚRGICOS
Os líderes da União Europeia se reúnem hoje para discutir resposta à situação na Líbia, descrita pela Cruz Vermelha como de guerra civil.
Segundo o grupo de ajuda humanitária, cresceu muito o número de mortos e também de pessoas feridas que buscam os hospitais do país.
Há informações de que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, irá defender na reunião ataques seletivos a instalações militares a serviço de Muammar Gaddafi e à infraestrutura do ditador.
A questão é convencer os demais países. O governo da Alemanha já disse que tem muito medo de ser tragada em uma guerra no Norte da África e Oriente Médio.
O ministro da Defesa do Reino Unido, Liam Fox, afirmou que antes de uma ação militar é necessário conquistar o apoio dos países árabes para evitar "mal-entendidos com os muçulmanos".
O secretário-geral da Otan (a aliança militar ocidental), Anders Fogh Rasmussen, disse que a organização está vigilante e pronta para agir.
Mas afirmou que há três pré-requisitos para que seja tomada uma ação além de ajuda humanitária: 1) que uma ação militar se mostre realmente necessária; 2) que exista uma base legal clara (o que significa uma aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU); 3) que haja apoio dos países da região.
Após reunião durante todo o dia de ontem, os membros da Otan só concordaram em aumentar a presença militar no mar Mediterrâneo, perto da costa da Líbia.
Com isso, poderiam monitorar melhor a ação de Gaddafi e também agir mais rapidamente, caso necessário.
Não houve consenso sobre a implantação de uma zona de exclusão aérea na Líbia, o que autorizaria a Otan a abater aviões de Gaddafi que decolassem para atacar tropas opositoras.
O ministro da Defesa da Rússia, país que tem direito a veto no Conselho de Segurança da ONU, voltou a dizer que seria prematura uma ação militar contra a Líbia e que se opõe a uma zona de exclusão aérea.


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