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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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PARADEIRO DE SADDAM

Agência acredita que ex-ditador e aliados podem ter planejado fuga conjunta

Para CIA, Saddam pode estar em Tikrit

DA REDAÇÃO

Um dia após o colapso do regime de Saddam Hussein, o destino do homem que governou o Iraque durante 24 anos seguia desconhecido. Mas a CIA (serviço de inteligência dos EUA) considera que o mais provável é que Saddam e muitos de seus principais aliados estejam em Tikrit, cidade natal do líder iraquiano.
As outras possibilidades que ainda eram levadas em conta ontem indicavam que Saddam estivesse na Síria ou em outro país árabe ou então que tenha morrido em bombardeio americano.
Fontes militares do Comando Central dos EUA no Qatar afirmam que a maneira uniforme como todas as lideranças iraquianas e familiares de Saddam desapareceram indica que deve haver uma espécie de comunicação ou de comando entre Saddam, caso esteja vivo, e autoridades do país.
Eles podem ter elaborado um plano de fuga diante da iminente invasão americana a Bagdá e preferiram desaparecer em conjunto antes da entrada de tropas dos EUA na cidade. Elas enfrentam pouca resistência.
Até mesmo divisões da Guarda Republicana poderiam ter tomado parte nesse plano de fuga, cujo destino seria Tikrit.
Para esses militares, a possibilidade de que Saddam esteja em Tikrit é maior do que a de que ele tenha sido morto no ataque contra um restaurante onde ele supostamente estaria reunido com seus filhos e outras autoridades.
Apesar de a inteligência americana afirmar que Saddam entrou no local, a inteligência britânica diz que o ex-ditador escapou do local minutos antes de a bomba atingir o prédio.
Tikrit tem um simbolismo especial para Saddam e o seu regime, já que tanto ele como outras lideranças iraquianas são da cidade, localizada às margens do rio Tigre, ao norte de Bagdá.
Na cidade, Saddam teria algumas forças para tentar se defender por alguns dias dos americanos. A maior parte dos habitantes de Tikrit é leal ao ex-ditador.
Os principais integrantes do regime de Saddam, como o vice-premiê, Tariq Aziz, o vice-presidente, Taha Yassin Ramadhan, e o chanceler, Naji Sabri, fizeram apenas algumas aparições desde a eclosão da guerra.
O único que todos os dias concedia entrevistas e dava declarações era o ministro da Informação, Mohamed Said al Sahaf. Ele serviu de porta-voz do regime, mas desde terça-feira está desaparecido. Os filhos de Saddam, Uday e Qussay, apareceram apenas em imagens de TV.
As últimas imagens de Saddam (ou de um sósia) foram exibidas pela última vez há uma semana, quando ele caminhava em Bagdá.

DNA
Caso Saddam esteja morto, será difícil, mas não impossível, identificar seu corpo, segundo cientista ouvido pela agência de notícias Reuters. Para determinar com certeza se um corpo é ou não o do ex-ditador, seria preciso uma amostra de DNA ou então uma radiografia da arcada dentária.
Porém os EUA não disporiam da amostra nem da radiografia.
Caso Saddam tenha sido morto no bombardeio ao restaurante em Bagdá, deveriam ser feitas algumas perguntas, segundo, Lawrence Kobilinsky, médico legista da Justiça de Nova York.
"Nós não sabemos se ele estava lá, mas assumindo-se que ele estivesse, precisamos saber se o corpo está intacto ou cortado em pedaços", disse o médico.
"E, se estiver inteiro, por meio de observação podemos determinar, com base na sua estrutura facial, se o corpo é dele ou não", acrescentou Kobilinsky.
Se estiver cortado em pedaços, a situação ficaria ainda mais complicada para determinar se Saddam está morto ou não.
Outro obstáculo para o trabalho dos legistas são os sósias do ex-ditador. O corpo de qualquer um deles poderia ser, visualmente, confundido com o de Saddam.


Com agências internacionais e o "Independent"


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