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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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CRISE DIPLOMÁTICA

Paul Wolfowitz propõe que empréstimos ao regime de Saddam sejam cancelados

Para EUA, França deve perdoar dívida

DA REDAÇÃO

O subsecretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, propôs ontem que França, Rússia e Alemanha contribuam para a reconstrução do Iraque cancelando parte da dívida ou todos os empréstimos que eles fizeram ao Iraque do regime de Saddam Hussein.
Os líderes do três países europeus, que se opuseram à invasão liderada pelos EUA ao Iraque, se encontram hoje em São Petersburgo para discutir o futuro do Iraque, o que fazer para garantir a presença da ONU e a coordenação seus laços com Washington.
Na capital americana, Wolfowitz mandou um recado ambíguo aos europeus ao falar no Comitê de Serviços Armados do Senado.
"Eu tenho esperanças, por exemplo, de que eles reflitam sobre as grandes dívidas contraídas por Saddam Hussein para comprar armas, construir palácios e criar instrumentos de repressão", disse Wolfowitz.
"Acho que eles devem avaliar se não seria apropriado perdoar parte ou toda a dívida para que o novo governo iraquiano não fique com esse peso. É uma grande ajuda que podem dar."
O Iraque deve a Rússia e França cerca de US$ 8 bilhões para cada. A maior parte teve origem em vendas e contratos concluídos nos anos 80, quando o Iraque estava em guerra com o vizinho Irã. A ex-União Soviética era na época o principal fornecedor de armas aos militares iraquianos.
Wolfowitz, um dos principais defensores da campanha contra Saddam, também disse que a França teria de "sofrer algumas consequências" por sua oposição à invasão americana, sobretudo ao se colocar contra a assistência da Otan (aliança militar ocidental) à Turquia.
"Concordo que a França se comportou de um forma bastante prejudicial para com a Otan. Creio que a França vá sofrer algumas consequências, não apenas conosco, mas com outros países que também vêem dessa forma, mas não queremos fazer da população iraquiana as vítimas dessa disputa em particular", disse o subsecretário Wolfowitz.
A França impediu uma ação da Otan quando a Turquia pediu ajuda na preparação de sua defesa a um eventual contra-ataque iraquiano caso as tropas americanas invadissem o Iraque através de suas fronteiras.
Segundo Wolfowitz, os EUA também deverão avaliar se a França, ao se opor ao uso militar da Otan, está se beneficiando sem que haja uma contrapartida.
Ele disse que os EUA poderiam reconsiderar seu apoio a uma iniciativa européia de criar uma força de 60 mil homens, para ser usada em situações de crise.
"Temos apoiado a idéia de fortalecer essa proposta, que é um dos projetos favoritos da França, com o pressuposto de que a medida fortaleceria a Otan. Precisamos examinar isso para ter certeza que ainda é o caso, se realmente é forma com que a França quer tratar a aliança".
Até o fechamento desta edição, o governo francês não havia comentado as declarações de Wolfowitz. Ontem, Chirac divulgou declaração saudando a queda do "ditador Saddam Hussein", mas voltou a defender que a ONU tenha um papel central no pós-guerra.


Com agências internacionais


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