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CRISE DIPLOMÁTICA
Paul Wolfowitz propõe que empréstimos ao regime de Saddam sejam cancelados
Para EUA, França deve perdoar dívida
DA REDAÇÃO
O subsecretário da Defesa dos
EUA, Paul Wolfowitz, propôs ontem que França, Rússia e Alemanha contribuam para a reconstrução do Iraque cancelando parte
da dívida ou todos os empréstimos que eles fizeram ao Iraque do
regime de Saddam Hussein.
Os líderes do três países europeus, que se opuseram à invasão
liderada pelos EUA ao Iraque, se
encontram hoje em São Petersburgo para discutir o futuro do
Iraque, o que fazer para garantir a
presença da ONU e a coordenação seus laços com Washington.
Na capital americana, Wolfowitz mandou um recado ambíguo
aos europeus ao falar no Comitê
de Serviços Armados do Senado.
"Eu tenho esperanças, por
exemplo, de que eles reflitam sobre as grandes dívidas contraídas
por Saddam Hussein para comprar armas, construir palácios e
criar instrumentos de repressão",
disse Wolfowitz.
"Acho que eles devem avaliar se
não seria apropriado perdoar
parte ou toda a dívida para que o
novo governo iraquiano não fique
com esse peso. É uma grande ajuda que podem dar."
O Iraque deve a Rússia e França
cerca de US$ 8 bilhões para cada.
A maior parte teve origem em
vendas e contratos concluídos
nos anos 80, quando o Iraque estava em guerra com o vizinho Irã.
A ex-União Soviética era na época
o principal fornecedor de armas
aos militares iraquianos.
Wolfowitz, um dos principais
defensores da campanha contra
Saddam, também disse que a
França teria de "sofrer algumas
consequências" por sua oposição
à invasão americana, sobretudo
ao se colocar contra a assistência
da Otan (aliança militar ocidental) à Turquia.
"Concordo que a França se
comportou de um forma bastante
prejudicial para com a Otan.
Creio que a França vá sofrer algumas consequências, não apenas
conosco, mas com outros países
que também vêem dessa forma,
mas não queremos fazer da população iraquiana as vítimas dessa
disputa em particular", disse o
subsecretário Wolfowitz.
A França impediu uma ação da
Otan quando a Turquia pediu
ajuda na preparação de sua defesa
a um eventual contra-ataque iraquiano caso as tropas americanas
invadissem o Iraque através de
suas fronteiras.
Segundo Wolfowitz, os EUA
também deverão avaliar se a
França, ao se opor ao uso militar
da Otan, está se beneficiando sem
que haja uma contrapartida.
Ele disse que os EUA poderiam
reconsiderar seu apoio a uma iniciativa européia de criar uma força de 60 mil homens, para ser usada em situações de crise.
"Temos apoiado a idéia de fortalecer essa proposta, que é um
dos projetos favoritos da França,
com o pressuposto de que a medida fortaleceria a Otan. Precisamos
examinar isso para ter certeza que
ainda é o caso, se realmente é forma com que a França quer tratar a
aliança".
Até o fechamento desta edição,
o governo francês não havia comentado as declarações de Wolfowitz. Ontem, Chirac divulgou declaração saudando a queda do
"ditador Saddam Hussein", mas
voltou a defender que a ONU tenha um papel central no pós-guerra.
Com agências internacionais
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