São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Segundo o conselho iraquiano, lideranças locais pedirão que insurgentes façam trégua a partir de hoje

EUA propõem cessar-fogo em Fallujah

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos lançaram ontem uma proposta de cessar-fogo aos insurgentes sunitas que há seis dias controlam a cidade de Fallujah, a 50 km a oeste de Bagdá. A artilharia norte-americana interrompeu seus disparos por volta do meio-dia. Mas, em seguida, milícias locais abriram fogo e mataram um marine.
A iniciativa procura neutralizar um dos pontos quentes do país, que ontem voltou a mostrar-se amplamente conflagrado.
Ainda ontem, um grupo de 35 líderes civis iraquianos, entre eles integrantes do Conselho de Governo Iraquiano, entrou em Fal-lujah para convencer lideranças locais a interromper os combates e a entregar os responsáveis pelo assassinato, seguido de mutilação e queima de cadáveres, de quatro americanos, na semana passada.
Ao retornar à Bagdá, Qahtan a-Rubaie, do Partido Islâmico Iraquiano e membro da delegação, afirmou que as lideranças tribais, religiosas e comunitárias de Fallujah iriam iniciar uma trégua hoje, a partir das 10h, no horário local (3h em São Paulo). "Ao amanhecer, os imãs e os líderes civis pedirão aos combatentes que cessem fogo para evitar um massacre que poderia destruir toda a cidade", disse ele à agência de notícias Reuters, acrescentando, porém, que, como a resistência não possui uma liderança unificada, "um cessar-fogo de 100% é difícil".
Um dos chefes militares americanos, general Mark Kimmitt, disse que só a interrupção dos combates em Fallujah, de 200 mil habitantes, permitiria entendimentos com rebeldes. "Estamos esperando a resposta do inimigo", afirmou. Segundo ele, os membros do conselho procuram obter que as milícias locais permitam que o policiamento volte a ser feito por agentes iraquianos.
Conflitos em Baqouba, ao norte da capital, mataram 40 iraquianos. Um porta-voz militar americano disse que há "vários" de seus soldados feridos. Dois deles estão desaparecidos.
Em Bagdá, um soldado da aeronáutica foi morto e outros dois ficaram feridos em ataque com morteiros à base aérea de Balad. Estão desaparecidos dois agentes da Alemanha que integram a segurança da embaixada.
A Cruz Vermelha Internacional anunciou que o representante do Crescente Vermelho em Irbil, Barzan Umer Mantik, foi morto em companhia de sua mulher, nas imediações de Mossul.
Até quarta-feira tinham morrido em Fallujah ao menos 280 iraquianos. Embora não tenha sido feita nenhuma contagem posterior, estima-se que as mortes possam ter chegado a 400.
O uso de helicópteros e armas pesadas para pôr fim à rebelião em Fallujah foi duramente criticado por membros do conselho, que acusaram os EUA de desencadearem "uma punição em massa" contra civis. Um membro xiita suspendeu sua participação no colegiado iraquiano em protesto contra o cerco à cidade sunita.
Enquanto isso, na frente contra milícias xiitas, os EUA anunciaram que deslocaram mil homens e blindados para Kut, para consolidar a retomada da cidade.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Bush promete bater "inimigos da democracia"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.