São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2011

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Esquerdista disputará 2º turno no Peru

Boca de urna aponta vantagem de Ollanta Humala contra a rival direitista Keiko Fujimori, filha de ex-presidente

Resultado mostra que população mais pobre se sente excluída do alto crescimento econômico; decisão será em junho

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

Horas após o fim da votação no Peru, apurações preliminares davam o esquerdista Ollanta Humala como vencedor do primeiro turno, com cerca de 31,5% dos votos.
Sem conseguir a maioria, Humala deve disputar o segundo turno, no dia 5 de junho, com a populista de direita Keiko Fujimori, que vinha aparecendo com cerca de 23,5% dos votos.
Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e violações de direitos humanos.
Ela era seguida de perto por Pedro Pablo Kuczynski (PPK), ex-ministro de Finanças (18,5%). O ex-presidente Alejandro Toledo, que chegou a liderar pesquisas, vinha em quarto lugar(16%).
Apesar de a apuração oficial ainda não ter terminado, Keiko subiu ao palanque às 21h de ontem para anunciar sua passagem para o segundo turno, com base em projeções de quatro institutos.
"Começamos agora a trabalhar para o segundo turno; graças a meu pai, vocês estão aqui me aplaudindo", disse.
O resultado reflete a insatisfação das classes baixas peruanas, que apoiam o esquerdista Humala. A população de baixa renda se sente excluída do crescimento e reivindica mais participação na renda gerada pela exportação de recursos minerais.
Apesar de o Peru ser o país sul-americano que mais cresceu nos últimos anos, com média de 7%, não houve grande redução na desigualdade. Os candidatos derrotados -Toledo (centro-direita), PPK (centro-direita) e Luis Castañeda (centro-direita)- representam a continuidade na atual política econômica.
Humala prega programas sociais para distribuir renda e maior estatização na economia. Keiko enfatiza o combate ao crime e assistencialismo e um modelo neoliberal.
Para as classes mais altas, satisfeitas com os rumos do país, um segundo turno entre Humala e Keiko é um pesadelo. Ou, como comparou o Nobel peruano Mario Vargas Llosa, trata-se de escolher "entre câncer e Aids".
"Humala representa políticas chavistas; as pessoas mais ricas vão embora do Peru se ele ganhar", disse o aposentador Mircea Manole, depois de votar em PPK.
Já Keiko Fujimori é vista como uma candidata mais palatável para as classes A e B, porque defende a abertura econômica. Mas desperta críticas por defender o governo do pai e ter tendências autocráticas como ele, que perseguiu duramente a imprensa.
Humala é visto como frágil no segundo turno, porque ajudaria a unir o segmento mais conservador do eleitorado para derrotá-lo, como ocorreu em 2006.
Por isso, ele adotou uma estratégia "paz e amor", de migração para o centro, assessorado pelos petistas Luis Favre e Valdemir Garreta.
O Brasil mantém mais de US$ 26 bilhões em investimentos no Peru.


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