São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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"EIXO DO MAL"

Para presidente, carta de Teerã deveria abordar questão nuclear

Irã ignora o principal, afirma Bush

DA REDAÇÃO

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse ontem que a carta que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou a ele esta semana, não responde à questão-chave para os países ocidentais, ou seja, quando Teerã abandonará seu programa nuclear.
"Parece que não respondeu à principal pergunta que o mundo está fazendo, que é "quando você se livrará de seu programa nuclear'", disse Bush, em entrevista a jornais da Flórida. Foi sua primeira reação à carta do iraniano.
"Reino Unido, França e Alemanha - juntamente com os EUA, Rússia e China - concordaram que os iranianos não deveriam ter uma arma (nuclear) ou a capacidade de desenvolver uma arma", afirmou Bush. E prosseguiu: "Há um consenso universal de que a carta não aborda essa questão".
Ontem a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que o Irã tem dois caminhos no momento. Segundo ela os iranianos "podem ter um programa nuclear civil que seja apropriado e que a comunidade internacional possa apoiar ou podem enfrentar o isolamento".
Em Londres, antes de um almoço com o premiê britânico, Tony Blair, o premiê francês, Dominique de Villepin, disse que a França exclui a possibilidade de uma ação militar contra o Irã, embora defenda medidas firmes sobre a questão nuclear.
Os EUA querem que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tome medidas duras contra Teerã por causa de seu programa nuclear. Países ocidentais suspeitam que o objetivo do Irã seja desenvolver armas nucleares. Teerã diz que o programa tem fins pacíficos de geração de energia.
Ontem Ahmadinejad disse em visita à Indonésia que a preocupação ocidental sobre proliferação nuclear é uma "grande mentira", já que "as grandes potências" estão aumentando suas atividades nucleares. "Eles mesmos estão engajados em atividades nucleares e estão expandindo dia após dia", disse o presidente durante uma coletiva de imprensa.
Ontem também um representante do supremo líder religioso do Irã propôs que o país adote novas medidas com o intuito de resolver o impasse nuclear.
Uma das medidas seria a ratificação de um acordo que permita que inspetores das Nações Unidas tenham acessos às instalações do país.
A proposta foi divulgada pelo clérigo moderado xiita Hassan Rowhani à revista "Time" e divulgada no site da publicação.
Rowhani atuava como negociador para questões nucleares, mas foi retirado da função por Ahmadinejad. No texto, ele afirmou que as idéias eram pessoais e não refletem uma posição oficial.
O ex-presidente Mohamad Khatami afirmou que uma negociação entre Teerã e Washington não deve representar um tabu para os iranianos. "A questão de negociar com os Estados Unidos não pode ser um tabu a não ser que não levemos em conta os interesses nacionais", afirmou Khatami à agência oficial Isna, acrescentando que não conhece a "estratégia do regime" do Irã. Perguntado sobre a carta que foi enviada a Bush, Khatami disse que desconhecia as motivações de Ahamadinejad.


Com agências internacionais


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