São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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IRAQUE SOB TUTELA

Plano prevê unir polícia, Exército e milícias para conter violência sectária e reduzir presença dos EUA

Bagdá vai reformular forças de segurança

DO "NEW YORK TIMES"

As autoridades iraquianas estão preparando uma grande reestruturação das forças de segurança de Bagdá, que colocaria policiais, soldados e milícias paramilitares em um único uniforme e sob um único comando, numa tentativa de combater o caos sectário que tomou conta da capital iraquiana.
A reorganização implicaria ainda em uma redução substancial na presença de soldados americanos nas ruas da capital.
O plano, revelado ontem, pode mudar radicalmente o panorama de segurança de Bagdá, hoje permeado por dezenas de milhares de policiais, soldados e paramilitares cujas identidades e liderança nem sempre são claras.
O ponto central é juntar sob comando único todas as forças de segurança, com um uniforme facilmente identificável. Para as autoridades iraquianas, isso dará aos agentes flexibilidade para combater a insurgência e ajudará a identificar elementos intrusos.
Milícias privadas e esquadrões da morte têm se proliferado na capital, e as autoridades reconhecem abertamente não ter controle sobre todos os grupos armados.
"Ninguém sabe quem é quem neste momento; temos dezenas de milhares de forças", disse o vice-presidente Adil Abdul Mahdi. "Precisamos de uma força unificada para garantir a segurança de Bagdá: mesmo uniforme, mesmo crachá, um comandante."
Segundo Mahdi, cerca de 150 mil paramilitares são hoje encarregados da proteção de vários setores da infra-estrutura iraquiana, como oleodutos e centrais elétricas. Mas eles estão sob o comando dos ministérios correspondentes, cada um com seu alinhamento político e sua agenda, tornando difícil seu monitoramento.
O plano coloca maior ênfase em Bagdá devido à importância psicológica e política da capital: a cidade abriga cerca de um quarto da população iraquiana, e a maioria dos ataques de insurgentes ocorre lá. Com grandes concentrações de árabes sunitas e xiitas, a cidade se tornou palco central a violência sectária que toma o país.
Segundo dados do governo iraquiano, 1.091 corpos foram achados em Bagdá apenas no mês de abril, entre eles os de 686 civis, 190 insurgentes, 54 policiais, 22 soldados iraquianos. Outros 82 soldados da coalizão foram mortos.
O mais importante clérigo xiita do Iraque, Hussein Ismail al Sadr, instou ontem todos os iraquianos a se unirem em prol da segurança, enquanto cerca de 50 clérigos e líderes tribais se reuniam para discutir meios de pôr um fim à violência generalizada. "Nosso sangue está sendo derramado a cada minuto. A segurança do Iraque deve estar acima de todos os outros objetivos", disse o aiatolá .
No dia, ao menos 24 iraquianos foram mortos em incidentes distintos em Baquba e Ramadi.


Com agências internacionais

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